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Alunos com deficiência: como recebê-los em sala de aula?

Alunos com deficiência passaram a ser acolhidos no Ensino Regular a partir de uma determinação da ONU, em 2006. No Brasil, esse processo de inclusão começou a se solidificar nas escolas públicas e privadas a partir de 2008. Estudantes com autismo ou surdez, por exemplo, puderam contar com uma vivência mais rica nesse sentido.

Neste artigo, vamos falar sobre como incluir alunos com deficiência nas escolas regulares, dando dicas para potencializar os resultados do trabalho docente. Continue a leitura a confira!

Nossas escolas estão preparadas para receber alunos com deficiência?

Não é o aluno que tem que se adaptar à escola: a instituição de ensino é que deve se adaptar ao estudante — trata-se da lógica da educação inclusiva. Nessa perspectiva, novas estratégias devem ser criadas com o objetivo de promover a adaptabilidade da estrutura e das práticas educacionais, abarcando um público heterogêneo.

Há uma variedade de tipos de deficiências e cada uma delas requer a assistência de profissionais especificamente qualificados. Por isso, existe uma maior demanda pelo aparelhamento das escolas com recursos físicos e humanos para responder bem a essa demanda.

Os alunos com espectro autista, por exemplo, têm a garantia por lei de um professor de apoio que os acompanhe. A Lei Berenice Piana, de número nº 12.764/2012, regulamenta o direito desses estudantes a um “acompanhante especializado” em autismo. Além disso, a mesma legislação postula a necessidade de os professores do ensino regular serem capacitados para promover a inclusão de alunos com deficiência ao contexto educacional do sistema de aprendizagem.

O Ministério da Educação também está trabalhando para implementar melhorias na estrutura física dessas escolas. Isso vem ocorrendo por meio do programa Escola Acessível, que disponibiliza recursos para a promoção da acessibilidade — os quais já beneficiam mais de 48 mil instituições.

Dessa forma, salas de multimeios e recursos multifuncionais estão sendo construídas. Há, ainda, outras adequações nos espaços físicos das escolas para melhor atender aos alunos que possuem algum tipo de deficiência.

Em relação à prática docente nesse contexto, é preciso um trabalho multidisciplinar, que envolva a equipe pedagógica, a família e toda a comunidade escolar, a fim de promover a conscientização de que toda criança precisa ser incluída. O trabalho em equipe é essencial no processo.

Como incluir os alunos com deficiência?

A seguir, veja de que forma proceder quando se trata de alunos com deficiência.

Obtendo informações sobre seu aluno

A primeira coisa a ser feita é verificar os laudos médicos desses alunos e saber se há disponíveis professores de apoio para acompanhá-los na escola. No caso de haver estudantes com deficiência visual e auditiva, por exemplo, a presença do professor intérprete é obrigatória.

Os alunos com espectro autista terão sempre um dos sentidos mais aguçados do que os outros. Por isso, eles podem se mostrar hipersensíveis a estímulos visuais muito fortes, cheiros ou sons ruidosos e altos. Portanto, o ideal é que o professor se cerque de informações sobre esse aluno. Ter uma conversa com os pais para saber mais informações ajuda a evitar que haja alguma crise durante a aula.

Elaborando atividades em que ele possa ser naturalmente incluído

De posse de informações sobre as características do aluno e sua deficiência, o professor pode aplicar, com o auxílio do profissional de apoio, atividades em que o estudante seja incluído. Assim, serão exploradas suas potencialidades e a inclusão na turma.

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Aproximando-se do aluno

Esse aluno invariavelmente necessita de uma atenção especial. Por isso, é essencial que ele se sente mais próximo do professor, para que seja mais bem acompanhado. Porém, tome cuidado para não acabar tratando o estudante como se tivesse dó dele, pois isso pode gerar um desconforto.

Além disso, converse com o aluno e procure saber de seus interesses e suas preferências. O acolhimento pode começar com uma postura interessada e amigável do professor. Autistas costumam ser bastante enfáticos nos seus interesses, portanto procure conciliá-los de alguma forma com os conteúdos trabalhados, para capturar sua atenção.

Trabalhando a aceitação das diferenças

Propor atividades que abordem questões como diversidade e aceitação das diferenças é uma arma eficiente de combate à intolerância e ao bullying. Assim, é possível promover a inclusão do aluno com deficiência em sua turma.

Você também pode convidar alguns colegas de classe que estejam mais predispostos a ajudarem o aluno com deficiência nas suas dificuldades para fazê-lo. Isso facilita o processo de acolhimento, tornando seus colegas mais sensíveis e solidários.

Otimizando a comunicação com alunos que possuem deficiência

Sempre use o significado denotativo das palavras quando quiser se comunicar com seu aluno. Eles gostam de entender tudo o que se diz no sentido literal das palavras, portanto seja muito objetivo! Para os alunos com deficiência auditiva, é preciso atentar também à comunicação. Ainda que você não domine a linguagem dos sinais, tenha boa vontade para estabelecer contato por meio de expressões faciais, gestos, desenhos etc.

O professor regente e o professor do atendimento educacional especializado (AEE) têm de trabalhar juntos, partilhando a responsabilidade pela educação do aluno surdo/mudo.

Usando jogos didáticos e atividades lúdicas

Autistas gostam da sensação do jogo, de lidar com suas regras e de chegar a objetivos predefinidos. No entanto, tome cuidado para que eles não se fixem na atividade por muito tempo e percam o foco no objetivo da aula.

Proponha atividades para que haja a inclusão no grupo social dos colegas, dando preferência ao desenvolvimento do raciocínio lógico. Não se esqueça de trabalhar a construção de vínculos afetivos por meio da interação dos alunos nas atividades.

Como ter rotatividade no ensino?

A rotatividade de ensino se dá pelas diversas formas como o conteúdo pode ser passado a um aluno dentro da sala de aula, seja por meio de vídeos, textos, objetos interativos ou oralmente. Sendo assim, ter uma rotatividade significa variar a forma como a matéria é transmitida na comunicação de professor para aluno.

A importância de ter uma alta rotatividade se deve ao fato de ser possível atingir um maior número de alunos e fazer com que muitos não se sintam perdidos ou excluídos das aulas. Isso porque uma parte dos estudantes entende melhor aquilo que é explicado por meio de textos, já outra aprende mais facilmente com imagens ou vídeos.

Vale lembrar que, quando há alunos com deficiência em sala de aula, as medidas a serem tomadas para passar conhecimento requerem adaptação (caso seja necessário). Portanto, formatos excludentes não devem ser considerados em medidas rotativas ao montar as aulas.

A ajuda da internet

tecnologia também vem sendo uma ferramenta muito utilizada para alcançar e educar alunos com deficiência. Existem diversos casos em que o uso de vídeos, áudios e até QR codes ajudam professores dentro de salas de aula. Dessa forma, os recursos tecnológicos são ferramentas que diminuem a distância entre o professor e o aluno que apresenta dificuldade. Portanto, eles devem ser adotados.

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Quais são os melhores recursos a serem utilizados dentro da sala de aula?

Os melhores recursos vão variar dependendo do objetivo almejado pelo professor, pois cada um tem sua finalidade. A seguir, apresentaremos 5 deles. Acompanhe!

Editor livre de prancha

software tem como principal utilidade a comunicação por meio de imagens e símbolos — fugindo do usual, que seria a partir da fala. Ele pode ser utilizado por tablets, smartphones ou pela própria impressão, o que facilita e atinge as diversas realidades do país.

Com isso, os alunos que têm dificuldades em seguir a fala do professor ou aprendem com mais facilidade por meio do estímulo da visão vão acompanhar melhor as aulas muitas vezes. Como consequência, o interesse por aquilo que está sendo passado aumentará.

Mouse ocular

Também chamado de Headmouse, o mouse ocular é uma ferramenta indicada para pessoas com limitações motoras. Portanto, não se trata de um aplicativo a ser usado pelo professor, mas sim recomendado ao aluno. A ferramenta corresponde exatamente ao que o nome diz: um mouse que, em vez de ser controlado pela mão (como os demais), obedece aos movimentos faciais — aqueles realizados pelos olhos e pela boca do usuário, mais especificamente.

Desse modo, os alunos com deficiência podem buscar por conhecimento nas redes, onde antes provavelmente tinham dificuldade de navegar. Assim, eles se tornam capazes de realizar novas tarefas e ganham mais autonomia.

Videoaulas

Um recurso muito utilizado, porém ignorado por alguns professores, são as videoaulas. O interessante desse material é a possibilidade de variar a aula usual apenas falada e escrita, dando ao aluno o recurso visual a ser trabalhado.

Como muitos alunos que têm dificuldade com textos apresentam certa facilidade em vídeos, tal recurso os ajuda a entenderem o que está sendo passado e a não se perderem na matéria. Portanto, é extremamente importante uma rotação na forma de dar aula para que, assim, o professor atinja a maior quantidade de estudantes e todos se sintam incluídos.

Código QR

O código de resposta rápida (QR Code) é um recurso mais simples do que muitos pensam, tem fácil utilização e não demanda conhecimento da área de informática para ser utilizado ou criado. Basta adotar aplicativos próprios para a criação de tais códigos, que são imagens 2D que armazenam links, imagens ou textos. É preciso apenas escaneá-los por um celular para que ocorra a leitura daquilo que foi arquivado.

Dessa forma, é possível compartilhar a matéria com os alunos por diferentes meios, seja a partir de imagens ou textos, com apenas um código. O QR também é adotado na inclusão de deficientes visuais, visto que o celular do aluno pode ser programado para ler o código e reproduzi-lo com som, facilitando o entendimento dos conteúdos dentro da sala de aula.

Atividades muito dinâmicas podem ser montadas com esse recurso, visto que um dispositivo móvel é suficiente para a leitura do código. Assim sendo, o professor pode, por exemplo, espalhar “códigos de conhecimento” pelo instituto. Ao serem escaneados, eles apresentarão um fato interessante.

Outra atividade a ser montada é uma didática de caça ao tesouro. Nela, cada código mostrará algo relacionado à matéria e uma dica para encontrar o próximo QR.

Google Earth

Essa incrível ferramenta é gratuita e permite explorar todo o planeta Terra de maneira 3D e virtual, tendo diversas utilidades dentro das aulas de Geografia. O mecanismo trabalha com os alunos o recurso visual e é válido para pessoas com deficiência auditiva, pois estimula o conhecimento por meio de imagens claras e realistas.

Nesse sentido, mesmo para alunos que tenham dificuldades em acompanhar as aulas ou até para prender o interesse de certos estudantes, o aplicativo pode ser de grande utilidade. Muitas vezes, aqueles que não se interessam por apenas diálogos e textos se mostram mais atentos a imagens — principalmente aquelas que são interativas.

Respeito às diferenças

As medidas apresentadas acima visam atingir um maior número de alunos, diminuindo a barreira entre os deficientes e não deficientes. Dessa forma, é possível alcançar a qualidade de ensino esperada. Portanto, o respeito dentro da sala de aula também deve ser constantemente pregado, assim como o respeito às diferenças e a luta contra a exclusão de alunos no processo de aprendizagem. Assim, todos serão respeitados e o conteúdo será devidamente passado aos estudantes.

Não só as crianças com deficiência, mas as que têm diferentes ritmos de aprendizagem devem ser alcançadas nas aulas. É preciso tentar trabalhar da melhor forma possível com essas especificidades.

Trata-se de um processo contínuo de reestruturação de práticas pedagógicas. Isso implica na mudança de mentalidades enraizadas pelos professores, cujas graduações muitas vezes não os prepararam para tais desafios no trato com alunos com deficiência.

O uso das diversas ferramentas apresentadas ao longo deste artigo é de extrema importância. Atingir a todos os alunos e despertar um maior interesse dos estudantes pelo conteúdo passado nas salas de aula são ações fundamentais.

👉 Gostou de saber como incluir alunos com deficiência e adaptar o ensino a esses estudantes? Então, não deixe de conferir nossas dicas para abordar o bullying e manter-se atualizado sobre conteúdos a serem aplicados dentro das salas de aula!

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Conteúdo para educadoras(es)

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