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Empreendedorismo na educação: como aplicar na sala de aula?

Você quer despertar o interesse dos seus alunos durante as aulas? Quer ter uma turma mais motivada e participativa? Saiba que inserir os preceitos do empreendedorismo na sala de aula será relevante para desenvolver comportamentos nesse sentido. Ele é um conjunto de atitudes. Essas ações podem ser incentivadas e, até mesmo, ensinadas.

Contudo, é preciso romper com as tradições de uma educação onde professores, alunos e sociedade a percebem como uma hierarquia, cuja transmissão de conhecimento vai do docente para o discente. A aplicação do empreendedorismo na sala de aula estimula o pensamento inovador e prático e, ainda, desenvolve nos alunos o pensamento crítico e criativo.

Confira, no post de hoje, algumas ações e características encontradas em empreendedores de sucesso que são essenciais e podem ser utilizadas nas salas de aula para despertar o interesse dos estudantes. Dessa forma, é possível potencializar a participação e o aprendizado desses alunos. Continue lendo e acompanhe as informações!

Estimule atitudes inovadoras e a criatividade

O conjunto de ações que formam um empreendedor envolve a criatividade e o pensamento inovador. Desenvolver o olhar mais apurado para as oportunidades e buscar caminhos diferentes e originais para os problemas do dia a dia são características que podem ser desenvolvidas em sala de aula.

Por meio das construções conceituais apreendidas na escola, incentive o questionamento, desenvolva atividades que possibilitem resoluções diferentes e que vão exercitar a criatividade dos estudantes. A inovação é o pilar para o desenvolvimento do potencial criativo.

O verdadeiro empreendedor, muitas vezes, enxerga oportunidades onde ninguém mais consegue vê-las. E isso não deve ser atribuído somente a um “dom natural”, mas sim a uma habilidade que todos temos a capacidade de desenvolver. E o melhor a fazer é começar a exercitá-la cedo, logo nos primeiros anos escolares.

Para isso, podemos propor uma atividade onde o aluno deve se colocar no lugar de um profissional de uma determinada área para resolver questões de outra esfera. Ou seja, como o biólogo — e com o conhecimento de biologia — ele deve pensar sobre determinadas questões de geografia, por exemplo.

Desenvolver no aluno essa visão multifocal sobre uma dificuldade ajuda no processo de criação de soluções originais, assim como na própria compreensão do problema, possibilitando a ele identificar quais são as saídas e oportunidades mais apropriadas. Quando os problemas reais surgirem na vida adulta, ele contará então com um bom suporte emocional e psicológico para buscar a solução para eles.

Incentive a autonomia

O medo de agir e sair da zona de conforto é um dos principais aspectos que a utilização do empreendedorismo em sala de aula vai combater. Ter autonomia não significa apenas perder o medo de se arriscar: significa que houve uma pesquisa para, então, a decisão ser tomada com base na ponderação dos prós e contras da oportunidade apresentada.

Incentivar a autonomia do estudante envolve um desenvolvimento constante, por meio de aperfeiçoamentos, qualificações e especializações, com o objetivo de ser um grande profissional, com características de proatividade e independência.

Em sala, você pode inverter a ordem da dinâmica da aula para desenvolver alunos autônomos e proativos. Estudando antes sobre a matéria, o estudante pode ser incentivado a apresentar as suas dúvidas e até seu ponto de vista sobre o que foi estudado.

Quando o aluno estuda o assunto antes de o professor abordá-lo na sala de aula, acaba se tornando um profissional independente, que tem o hábito de buscar em outras fontes o aprimoramento do seu conhecimento. Também, ele desenvolve o costume de não somente esperar que os conhecimentos cheguem até ele, mas passa a ir buscá-los em diversas fontes.

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Forneça e receba feedbacks

Constantemente, dê um feedback do aprendizado para os seus alunos. Faça isso individualmente, enaltecendo os pontos positivos e mostrando como eles podem melhorar seu rendimento e conhecimento.

Converse com o estudante sobre possíveis caminhos para que ele possa desenvolver todo o seu potencial. E, também, sempre peça o feedback dos alunos sobre as suas aulas e sobre a matéria estudada. Além de ser um ótimo balizador para o processo pedagógico, essa ferramenta desenvolve o lado crítico e participativo do aluno.

Esse é um exemplo de como trabalhar para que a vida escolar do aluno não seja tão diferente do que será a sua futura vida profissional. É claro que os modelos de trabalho variam de acordo com a carreira que cada um vai escolher, mas é necessário estar preparado para todo tipo de críticas e cobranças.

Nem todos os retornos recebidos de clientes e parceiros serão positivos, e é importante não se deixar abater por eles. Uma crítica, qualquer que seja, demanda reflexão. É preciso entender quando trata-se de pontos que realmente requerem aprimoramento e quando tudo não passa de opinião.

Um bom empreendedor também precisa oferecer feedbacks aos seus colaboradores — dar um retorno sobre como anda o trabalho deles. Quando a prática já é algo comum na escola, será muito mais fácil incorporá-la ao dia a dia na vida adulta.

Analise os erros

O erro é uma das melhores formas de aprendizagem. Quando erramos e avaliamos o que houve de errado, criamos coragem para continuar no caminho e melhorar, analisando, mais uma vez, os prós e os contras da situação. Atualmente, a maioria das escolas só prepara o aluno para acertar. Mas as falhas sempre acontecem para todos. Então, será que os estudantes estão preparados para lidar com as suas derrotas e frustrações?

Lidar de forma positiva com os erros, mostrando para os estudantes que eles são capazes de superar e aprender muito com os deslizes é uma forma de ajudá-los a perceber as falhas de outro modo. O mercado no qual estamos inseridos incentiva a competição e a ideia de que “somente os fortes sobrevivem”. Entender que os “fortes” também erram, sentem inseguranças e nem sempre têm resposta pronta para tudo é uma forma de não se inferiorizar diante das dificuldades.

Dê atenção ao trabalho em equipe

O trabalho em equipe é importante, pois é por meio dele que acontece a troca de ideias, de experiências e há também um aprofundamento no conteúdo da matéria. As tarefas em equipe podem, ainda, evidenciar e desenvolver outras características empreendedoras nos estudantes.

Em um grupo formado por diferentes pessoas, a resolução dos conflitos, bem como a disponibilidade de ouvir o outro e a mediação das discussões s
obre a formulação e conteúdo do trabalho são alguns dos fatores que podem ser enaltecidos e trabalhados com os alunos pelo professor.

Trabalhar em uma empresa onde “cada um produz para si” é um dos fatores que mais desmotiva e adoece pessoas atualmente. A vontade de “ser o melhor”, sem a ajuda de ninguém, muitas vezes, faz com que as pessoas deixem o orgulho falar mais alto e não consigam encontrar soluções para problemas típicos do cotidiano corporativo.

Desenvolver a habilidade de enxergar-se como parte de um todo, desde a fase escolar ajuda a derrubar esse conceito. Além disso, a motivação do grupo, o desenvolvimento de empatia e ainda outras características podem ser demonstradas pelos alunos durante a execução do trabalho. Esses traços podem ser expandidos por meio de outras atividades durante as aulas, como os debates.

Desenvolva líderes

A liderança é uma das características chave dos empreendedores de sucesso. Liderar equipes requer muitas habilidades, que envolvem desde a relação dentro do ambiente de trabalho com funcionários, fornecedores, sócios e clientes, até o relacionamento com colegas, amigos, vizinhos, família etc.

Na sala de aula, além dos trabalhos em grupo, onde podem ser identificados aqueles que são líderes, é possível também promover essa atitude. Isso pode ser feito por meio de dinâmicas que precisam de organização, de delegação de tarefas e de proposição de soluções, por exemplo.

Normalmente, as características de liderança começam a se manifestar desde cedo. O que ocorre é que, pelo nosso velho hábito de querer “padronizar” as pessoas, elas acabam sendo sufocadas, seja no ambiente doméstico ou escolar. É aí que entra o desafio de ir exatamente na direção contrária: ajudar seus alunos a enaltecê-las. Sendo assim, caso queiram empreender na vida adulta, a liderança já terá se tornado um hábito, algo perfeitamente natural.

É claro que toda sala de aula necessita de regras, mas deixar um espaço para dar vazão a talentos e interesses é uma forma de criar pessoas realmente preparadas para a vida adulta: é importante cuidar para que seus alunos não vivam dentro de uma “bolha”.

Ofereça recursos que vão além do convencional

Estimular o espírito empreendedor nos estudantes requer o uso de recursos extras em sala de aula. Para isso, escola e professor podem contar com ferramentas ligadas à tecnologia. Utilizar recursos gráficos, ferramentas de interação e fornecer dados de situações reais em sala de aula ajuda no desenvolvimento de um pensamento muito mais realístico e inovador

Embora empreender seja, de certa forma, sinônimo de fazer o melhor com o que se tem em mãos, a maior disponibilidade de recursos dá melhor vazão à criatividade. Além disso, você pode pensar na realização de eventos e projetos, onde os alunos possam colocar suas ideias em prática e levá-las ao conhecimento das pessoas.

Dessa forma, eles sentirão que o que o trabalho que realizam é realmente reconhecido e aprenderão a esperar esse mesmo reconhecimento em sua futura vida profissional. Tal fator cria adultos mais confiantes, característica indispensável para o bom empreendedor.

Promova feiras de conhecimentos

Hoje em dia, mais do que nunca, sentimos a necessidade de ensinar conteúdos que vão além das disciplinas escolares. Muito mais que fornecer a bagagem necessária para ter bom desempenho no vestibular das melhores universidades, é preciso preparar os alunos para a vida.

O empreendedorismo é, sem sombra de dúvidas, uma tendência que vem crescendo em nossa sociedade. A crise financeira, que levou à diminuição dos vínculos formais de trabalho, também trouxe a muitos a oportunidade de colocar em prática o sonho de empreender.

É como se estivéssemos saindo de uma cultura que prega a busca pela estabilidade, para uma outra mais leve e flexível, que estimula cada um a perseguir seus sonhos. A satisfação no trabalho já é muito mais importante que o “ser estável”. Feiras de conhecimentos gerais e culturais ajudam nossas crianças e jovens a crescer inseridas nessa nova mentalidade.

Treine habilidades de comunicação e interação

Quantas pessoas você conhece que têm problemas de relacionamento? Não, não estamos falando apenas de relacionamentos afetivos, mas sim, na forma como essas pessoas interagem e convivem com amigos, familiares, colegas de trabalho. Quantos de nós crescemos acostumados a ouvir que “é difícil lidar com pessoas”?

É claro que as relações humanas exigem certo “jogo de cintura” e capacidade de compreensão, mas essas habilidades podem ser treinadas desde cedo. Essa ideia de dificuldade não deve ser reforçada pelo professor.

Aliás, por ser um profissional que lida com pessoas o tempo todo, ele precisa ver essas relações como algo positivo para o desenvolvimento humano. Propor atividades que convidem os alunos a comunicar-se e interagir com os demais faz com que se acostumem com essas práticas, que se tornarão muito mais fáceis na vida adulta, inclusive no ambiente de trabalho.

Recompense trabalhos bem-feitos

É dever de pais e educadores corrigir os trabalhos e lições de alunos. É a correção de erros que permite aos alunos serem, a cada dia, melhores. Entretanto, os pontos positivos de cada um também merecem destaque. Uma boa forma de fazê-lo é a partir da recompensa de trabalhos bem-feitos. Se os resultados insatisfatórios resultam em notas vermelhas, por que não oferecer elogios, vantagens e pontos positivos àqueles que se destacam?

É assim também que os alunos passam a conhecer suas melhores qualidades, que poderão ser exploradas em um futuro como empreendedor. Tal atitude também ajuda a fortalecer a autoestima de crianças e jovens, muitas vezes, tão afetada negativamente pela mídia. Só é importante encontrar o ponto de equilíbrio para não causar efeito contrário, e criar alunos que “se acham o centro do universo”.

Essas são algumas das características empreendedoras que você pode utilizar dentro da sala de aula, promovendo o autoconhecimento dos alunos e tornando a aprendizagem mais significativa para eles. Afinal, para o desenvolvimento dessas atitudes, a relação entre professor e aluno precisa ficar mais próxima e a participação dele no processo de construção do conhecimento aumenta.

Além disso, o educador precisa ser exemplo: como despertar atitudes empreendedoras nos alunos se ele mesmo não as exerce? Como se pode ver, utilizar o empreendedorismo na educação traz vários benefícios para os discentes: desenvolve a criatividade, a resiliência, a independência e o autoconhecimento, além de preparar esses alunos para o mercado de trabalho.

E você, já aplica (ou gostaria de aplicar) alguma dessas técnicas em sua escola? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe conosco a sua opinião.

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    One thought on “Empreendedorismo na educação: como aplicar na sala de aula?

    1. maravilhas a ideia de vcs, estou introduzindo este pensamento na minha escola

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