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Confira o que os professores pensam sobre reprovação de alunos

Estudos diversos têm sido feitos para verificar o que pensam os professores acerca da reprovação dos alunos; se concordam ou discordam com a prática e, principalmente, qual é o seu efeito na jornada escolar do aluno.

E você, educador, com base em sua prática docente, é a favor ou contra a reprovação? Neste post, resolvemos discutir esse controverso tema, abordando o posicionamento dos professores que se averiguou em pesquisas recentes. Preparado? Então acompanhe!

Nossas taxas de reprovação são altíssimas

Dados de uma pesquisa feita pelo Centro de Pesquisas e Estudos em Educação, Cultura e Ação Comunitária, o Cenpec, apontam que a maior parte dos professores, 78% deles, optam por uma postura relativista em relação à questão da reprovação de alunos, concordando e discordando parcialmente dessa medida. Dos ouvidos, apenas 9,4% são totalmente a favor, e 13%, totalmente contra.

A pesquisa foi aplicada à cerca de 5 mil professores atuantes em regiões diversas do Brasil. Esse estudo, em linhas gerais, visou verificar se os professores pensam a repetência como uma oportunidade para o aluno se recuperar efetivamente ou como um mero instrumento punitivo. Você poderá ler detalhadamente os resultados da pesquisa na página do Cenpec.

Apesar da ressalva dos professores em relação à reprovação dos alunos, segundo o Censo Escolar feito em 2015, as escolas brasileiras reprovam 5,8% dos alunos no ensino fundamental, 11% nos anos finais dessa etapa e 11,5% no Ensino Médio. O que são índices altíssimos se comparados a outros países.

As medidas atuais são ineficientes

De acordo com critérios da progressão continuada, na rede pública, só deve haver reprovação de alunos ao final de cada ciclo escolar.

No entanto, esses alunos reprovados, ou em progressão continuada, não contam com atendimento diferenciado ou a devida atenção do sistema ao processo de recuperação paralela, que acontece durante o ano letivo subsequente.

Na prática, o que os professores relatam é que na maioria das escolas públicas, os estudantes em progressão continuada recebem apenas um roteiro de estudos e são avaliados por meio de simples provas e trabalhos escritos, não havendo uma carga horária paralelas que os preparem para as atividades.

Muitos educadores defendem que tais práticas sejam revistas pelas secretarias de educação dos estados, a fim de prover meios mais eficazes de acompanhamento e avaliação de seus alunos para que a progressão continuada funcione de fato.

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Entenda o dilema da reprovação

Ao serem questionados sobre o motivo pelo qual seriam levados a reprovar um aluno, muitos professores pontuam que isso se dá pelo simples fato de o educando não ter aprendido o que precisava em determinada etapa.

Entretanto, essa considerável parcela dos professores favoráveis à reprovação tem por base e critério de suas avaliações apenas o mérito, o resultado, o desempenho do aluno.

Ou seja, acreditam que somente os alunos que obtiverem boas notas nas avaliações, comprovando um bom aproveitamento e aprendizado, estão aptos a progredir.

O grande dilema do professor nesse processo de avaliação, no entanto, seria antes ponderar sobre as questões sociais, psicoafetivas e cognitivas que ocasionam esse baixo rendimento.

Muitos estudantes têm problemas familiares ou vivem em situação de risco. Na rede pública, essas questões são determinantes quando se fala em baixo desempenho. Por isso, é preciso investir mais em quem mais precisa quando se fala em educação.

Professores atuantes nas escolas em regiões mais carentes entendem que é preciso antes promover a equidade de oportunidades para que se possa avaliar apenas resultados em nota, em quantidade de acertos.

Por isso, a questão da reprovação é tão controvertida e causa tanta discussão entre os educadores. Outro aspecto que se impõe nessa discussão são os efetivos benefícios de se reprovar um aluno. Será que existem?

Reprovação não promove ganhos em aprendizado

Muitos professores afirmaram na pesquisa utilizar as avaliações como instrumento comparativo aplicado entre os alunos. Esse modelo de pensamento, no entanto, mostra-se ineficaz pois não abarca a diversidade de situações dos alunos que se verifica em sala de aula.

Na pesquisa do Cenpec, grande parcela dos docentes entende que a reprovação deva funcionar como um mecanismo de punição para que os alunos percebam que, caso não demonstrem interesse, engajamento e empenho nos processos escolares, serão de alguma maneira punidos.

No entanto, é preciso levar em conta as diferenças de aprendizagem que se verificam no trabalho do dia a dia em sala de aula. Somente por meio de estratégias inclusivas será possível caminhar para a diminuição do alto índice de reprovação nas escolas brasileiras.

Além disso, outras pesquisas em educação apontam que não há ganhos significativos no desempenho escolar de alunos em instituições que adotaram a reprovação (repetência) em detrimento da progressão continuada.

Esses mesmos dados indicam que os alunos reprovados também não se sentem motivados a estudar mais, ao contrário, sentem-se relegados a um lugar menos privilegiado no processo educacional, o que acaba afetando negativamente ainda mais seus rendimentos.

Precisamos diminuir índices de reprovação

Uma medida para evitar a reprovação nas escolas é investir em acompanhamento pedagógico daqueles alunos em eminencia de reprovação.

Dessa forma, podem ser pensadas atividades específicas (como aulas de reforço e monitoria) para os alunos que apresentem dificuldades ou estejam obtendo notas abaixo da média em subsequentes etapas.

Essas alternativas têm que ser pensadas tendo em vista que a reprovação é um fracasso também da escola, muito mais do que do aluno. Engana-se quem pensa que uma escola é boa quando reprova alunos.

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No Brasil, o cenário é alarmante

Países que são referência em educação investem pesado para evitar a reprovação dos alunos. No Japão, os professores chegam a ser avaliados por uma comissão quando reprovam mais de três por cento de seus alunos. Já na Finlândia, a baixíssima taxa de reprovação de 2% se possibilita mediante estratégias preventivas e alta qualidade do ensino.

Já o Brasil é um dos países que mais reprovam alunos no mundo. No ensino médio, o índice de reprovações bate os 13,1%. Esses números alarmantes conversam com os índices de evasão escolar que também são altos no país.

Segundo dados do programa Todos pela Educação, somente 54% dos alunos da rede pública concluem o ensino médio antes dos 19 anos. Muito da evasão escolar que justifica esses números se dá por conta da repetência e do sentimento de fracasso dos alunos “que ficam para trás” nos estudos.

E você, professor, como se posiciona a essa difícil questão que é a reprovação dos alunos? Para movimentar a discussão, compartilhe este post nas suas redes sociais convide seus amigos a opinarem!

Conteúdo para educadoras(es)

Aqui no blog da Portabilis você encontra vários artigos sobre conceitos pedagógicos, competências e ideias para planos de aulas adaptados à BNCC e dicas importantes para gestoras(es) escolares e dirigentes municipais. Confira alguns destaques:

 

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