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Coronavírus: qual a viabilidade da educação a distância no Brasil em tempos de quarentena?

Com a quarentena imposta pelo coronavírus no País, diversos setores estão precisando se reinventar para minimizar os impactos da parada de seus serviços. Milhares de crianças e adolescentes estão impedidos de irem à escola e, como não existe previsão do isolamento acabar, a educação a distância no Brasil passa a ser cogitada.

A princípio, a maioria das redes de ensino estaduais e municipais tem optado por suspender as aulas, porém, ainda sem um posicionamento certo a respeito de como vão lidar com esses dias sem atividades. 

Acontece que, conforme especialistas, a quarentena pode se estender pelos próximos meses. Diante do desafio de cumprir o mínimo exigido pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que são 200 dias letivos anuais, muitos secretários de educação e gestores escolares estão pensando em alternativas para superar a situação, e uma delas é a educação a distância.

Inclusive, para conter os impactos da epidemia, essa já é uma medida aprovada pelo MEC e deliberada por vários estados do País, como nos casos do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Porém, mesmo com a liberação para que as aulas do Ensino Básico ocorram a distância, qual a viabilidade do ensino nesse formato? O Brasil está preparado para lidar com esse modelo? É sobre isso que falaremos a seguir.

 

A educação a distância no Brasil é viável?

No mundo, quase um bilhão de alunos precisarão ficar em casa no período de quarentena – que ainda não sabemos o quanto vai durar – devido ao coronavírus. No Brasil, são cerca de 50 milhões de estudantes nessa situação, sendo que 45 milhões são da rede pública de ensino.

Diante dessa realidade, é inviável fazer com que todas essas crianças e adolescentes parem de estudar por meses. Por isso, devem ser pensadas estratégias para conter os impactos na aprendizagem desses alunos.

Cada país possui uma realidade diferente. No Brasil, temos o desafio da equidade. Nem todos os estudantes têm acesso à internet em casa, muitos deles não possuem um espaço adequado em seus lares para estudar, sendo que várias crianças dependem da escola para se alimentar.

Caso decidido pelo formato de ensino on-line, os que mais se beneficiarão serão os que já possuem uma boa estrutura em casa – de internet e de espaço físico –  e um bom rendimento escolar. Portanto, a educação a distância, se não for bem pensada, pode aumentar ainda mais as desigualdades educacionais entre os alunos. 

Não se deve ter a ilusão de que, em um passe de mágica, a escola vai estar dentro da casa do aluno. O tempo de duração das aulas não deve ser o mesmo, dificilmente o currículo conseguirá ser cumprido de forma integral, além de ser uma tarefa árdua manter as crianças e adolescentes na frente de um computador ou celular durante longos períodos.

Longe de sermos pessimistas, a ideia é botarmos os pés no chão e pensarmos na realidade do maior número de famílias possíveis, buscando a equidade em um País repleto de diferenças sociais e educacionais.

Por isso, trouxemos dicas e soluções com base em alguns exemplos que já estão sendo pensados ou praticados ao redor do Brasil. Continue com a gente!

Coronavírus: soluções para o período de quarentena

Sempre que falamos de educação a distância pensamos no seu formato mais utilizado, que é o digital, certo? De fato, esse é um modelo que, quando possível, deve ser utilizado, pois facilita e agiliza a interação entre professores e alunos. 

Mas, as soluções para ensinar a distância não precisam, necessariamente, ser sempre digitais. Portanto, traremos alternativas para o máximo de realidades possíveis.

Independente dos recursos utilizados, tanto alunos, quanto professores, precisam estar preparados para ensinar e aprender a distância. Por isso, começaremos com algumas dicas para a adaptação das aulas, tomando, como base, recomendações de educadores e pesquisadores brasileiros que fazem parte do grupo Ciências da Aprendizagem Brasil da Universidade de Columbia (EUA).

Dicas para adaptar as aulas a distância

Diversifique

As aulas a distância não precisam se resumir à transmissão de vídeos e tarefas. Proponha experiências diferentes como, jogos, laboratórios remotos e visita a museus virtuais. Na internet, existe uma ampla gama de opções para você diversificar as aulas.

Faça os alunos botarem a mão na massa

Os alunos precisam aprender a aprender e, para isso, devem botar a mão na massa através de suas próprias invenções. Neste caso, você pode propor a utilização de ferramentas, tanto digitais, quanto analógicas.

Priorize projetos em vez de conteúdos

O isolamento requer ainda mais dinamismo nas aulas. Por isso, proponha projetos e alivie a carga dos conteúdos. Isso trará maior motivação e aprendizagem aos alunos. 

O bacana é que você pode aproximar os temas à realidade da garotada, já que, em casa, eles contam com o conhecimento e os talentos de seus familiares para fazer as atividades.

Menos é mais

Como citado no tópico anterior, em vez de correr com os conteúdos para cumprir com o currículo, proporcione experiências significativas para seus alunos. Lembre-se que o mais importante é o aprendizado e não a memorização das matérias. 

Exemplos de soluções ao redor do País

Em meio à crise causada pela quarentena imposta pelo coronavírus, várias ideias e iniciativas estão surgindo ao redor do País para superar os desafios que ainda estão por vir. Separamos algumas delas para lhe servir de inspiração, veja:

Distribuição de kits para famílias sem acesso à internet

Na cidade de Londrina/PR, as escolas estão fazendo uma força tarefa para montar kits com a merenda escolar e entregar aos beneficiários do Bolsa Família. 

Sabemos que muitas dessas famílias não têm acesso à internet. A ideia é incluir, nos kits, materiais impressos com textos e exercícios preparados pelos professores e impressos nas próprias escolas. Essa seria uma forma de manter a rotina de estudos dos alunos que não têm como se comunicar através dos meios digitais.

Transmissão de aulas pela TV

No Distrito Federal, a secretaria de educação está buscando uma parceria com canais de TV para transmitir aulas através de um canal aberto. Essa é uma forma de chegar ao maior número de alunos possíveis e minimizar as diferenças educacionais que tendem a se acentuar durante o período de quarentena. 

Aulas virtuais pelo WhatsApp

A maioria das pessoas tem acesso a um smartphone com WhatsApp, certo? A exemplo da Escola Estadual Dr. Manoel Dantas, localizada em Natal/RN, pode-se criar grupos no aplicativo, separados por ano escolar, para que os professores enviem vídeos, mensagens de texto e áudios orientando as crianças a respeito dos conteúdos e atividades a serem feitos.

A interação acontece através de trocas de mensagens de texto, áudio, vídeos e fotografias dos cadernos.

Para esse formato dar certo, a colaboração da família é essencial, pois é preciso orientar as crianças e disponibilizar o celular no momento das aulas.

Mentoria voluntária sobre ensino on-line

A Sincroniza, junto com vários educadores, criaram a iniciativa “Professor presente” para apoiar os professores, de forma voluntária, na transição do ensino presencial para o ensino on-line.

Basta agendar um horário para fazer uma videoconferência e tirar todas as dúvidas sobre o tema.

Série de conteúdos Portabilis 

Pensando em apoiar os gestores educacionais e professores na quarentena imposta pelo coronavírus, a Portabilis está divulgando constantemente histórias e conteúdos sobre o tema em seu blog e em suas redes sociais. Portanto, fique ligado nos conteúdos que estamos lançando por lá!

 

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E então? Você acha que a educação a distância no Brasil é viável? Quais os desafios que a sua escola está enfrentando para manter as aulas e cumprir o ano letivo durante a quarentena? Conta para nós a sua experiência, será um prazer ouvi-lo!

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    Portábilis

    A startup de tecnologia que ajuda os governos municipais a superarem a falta de informação através de soluções inteligentes, para aumentar o impacto das políticas públicas de educação e assistência social, focando em transformações sociais e a garantia do acesso de todos os brasileiros aos seus direitos.

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