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Os 5 maiores desafios da Assistência Social durante a pandemia

A Assistência Social é essencial no enfrentamento da pandemia causada pelo coronavírus. Para cada um dos países afetados, a Covid-19 traz diferentes desafios. No Brasil, para além da questão saúde, temos os aspectos socioeconômicos que fazem com que o seu impacto seja ainda maior, afetando os grupos e as famílias mais vulneráveis.

No País, são 31 milhões de pessoas sem acesso à água tratada, quase metade da população não tem esgotamento sanitário, 11 milhões de brasileiros vivem em imóveis com mais de 3 moradores por dormitório. E, ainda, 13,5 milhões de brasileiros vivem em situação de extrema pobreza. Diante desses números, como exigir que essas famílias façam isolamento e melhorem suas condições de higiene?

O cenário, que já era ruim, é agravado pelos efeitos da pandemia. Segundo o Carta Capital, a renda de famílias pobres será 20% mais afetada pelo coronavírus do que a média.

Além dos aspectos habitacionais e de renda, mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiência que vivem situações de violência ou violação de direitos estão sendo obrigados a conviver com seus agressores o dia inteiro em casa. 

No começo da pandemia, muitos municípios não sabiam ao certo como lidar com toda essa situação. E ainda hoje, muitos profissionais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) estão tendo que se reinventar para manter os atendimentos e distribuição de benefícios para quem mais precisa nesse momento. 

Nós, da Portabilis, conversamos com algumas profissionais da Assistência Social para entender seus maiores desafios diante da pandemia e o que estão fazendo para solucioná-los. 

Fizemos um resumo desse bate-papo que você pode ler abaixo. O vídeo completo está em nosso canal no YouTube, no link a seguir:

Quais os maiores desafios da Assistência Social durante a pandemia?

Manter atendimentos

Segundo dados do Censo SUAS de 2018, cerca de 5.000 municípios brasileiros possuem computadores em seus Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), sendo que 91% deles têm acesso à internet. Porém, somente 8% informatizam seus prontuários de atendimentos.

Isso faz com que muitos funcionários do SUAS não consigam trabalhar remoto, além de terem que investir muito tempo com o preenchimento de papéis e redigitação dos dados nos sistemas do Ministério da Cidadania. 

A falta de tecnologia e dados no SUAS coloca em risco a saúde de seus profissionais e usuários, dificultando análises e tomadas de decisão baseadas em evidências e aumentando a invisibilidade das pessoas e famílias vulneráveis.

Os municípios que possuem um sistema, aliado ao WhatsApp e o telefone, se adaptaram com maior facilidade ao trabalho remoto. Outros, optaram por manter os atendimentos nos equipamentos com os devidos cuidados, utilizando máscaras e álcool em gel, cuidando para manter a ventilação e evitando aglomerações.

 

Distribuir benefícios eventuais 

O número de pessoas que agora precisam de benefícios temporários, como no caso das cestas básicas, aumentou de forma significativa na pandemia. Muito por conta do desemprego e da queda de renda dos trabalhadores informais. 

Um dos desafios das Secretarias de Assistência Social é adaptar o orçamento para conseguir atender todas as demandas que estão surgindo. Outra questão é: como distribuir os benefícios sem colocar em risco a saúde dos técnicos e dos usuários?

O processo dos equipamentos precisou ser revisto e algumas soluções escolhidas pelos municípios têm sido:

  • Entregar os benefícios em forma de pecúnia para que os usuários os retirem em estabelecimentos comerciais, como nos supermercados;
  • Colocar uma placa na porta do equipamento para que os usuários aguardem ser chamados, mantendo o devido espaçamento nas filas do lado de fora;
  • Orientar para que apenas um membro da família retire o benefício no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS);
  • Reduzir o tempo de espera nos equipamentos. 

Auxiliar no recebimento da Renda Básica Emergencial (RBE)

Muitas famílias não estão conseguindo ter acesso à RBE devido a fatores, como: 

  • Dificuldade em lidar com a tecnologia, pois é preciso baixar e utilizar o aplicativo no celular;
  • Falta de acesso a um celular ou à internet ou, ainda, incompatibilidade do app com o aparelho móvel do usuário;
  • Problemas com CPF, como: 
    • Irregularidades com o nome da mãe ou do pai;
    • Cadastro de indígenas (que não possuem o documento);
    • Cadastro de imigrantes (muitos não possuem documentação brasileira).
  • Falta de informação, fazendo com que muitos usuários se dirijam ao banco ou à lotérica no dia incorreto para receber a RBE.

Diante disso, o que era para trazer mais igualdade e dignidade, acabou causando exclusão digital, bem como aglomerações nos equipamentos públicos. Pois, muitos usuários estão precisando de ajuda dos profissionais da Assistência Social para conseguir acessar seu direito e o mínimo necessário para a sua sobrevivência.

Monitorar o aumento da violência doméstica

Durante a pandemia, as denúncias de violência, assim como as demandas do Conselho Tutelar diminuíram. E isso não quer dizer que as situações de violência e de violação de direitos cessaram, muito pelo contrário, os usuários estão sendo silenciados por passarem mais tempo com o seu agressor em casa.

Outro fator que pesa sobre o aumento da violência doméstica é a saúde mental dos pais para lidar com a situação que, muitas vezes, envolve o desemprego ou a queda na renda. Por isso, é essencial manter o trabalho dos psicólogos da Assistência Social, seja por telefone ou WhatsApp e, em último caso, no equipamento. 

Nos casos em que o contato precisar acontecer à distância, é importante lembrar que o técnico precisa repensar sua abordagem. Ao ligar, não se deve perguntar se está tudo bem ou se o usuário está sofrendo alguma violência, pois ele poderá ser inibido por seu agressor, que estará próximo.

O profissional pode indicar o Disque 100 e o recente aplicativo Direitos Humanos BR, lançado pelo Governo Federal, para facilitar as denúncias de violência doméstica pelos usuários.

Trabalhar com a intersetorialidade

Com a pandemia, se tornou evidente a necessidade de as políticas trabalharem de forma intersetorial. A Educação precisa saber quem mais precisa dos kits de merenda escolar em casa, por exemplo, e a Saúde precisa de dados dos territórios para prever os que têm maior probabilidade de disseminação do vírus.

Na maioria dos municípios, cada área permanece em seu quadrado, ou seja, no formato setorizado. O que dificulta ações que resolvam os problemas em sua totalidade. 

Algumas iniciativas já estão ocorrendo para tentar desconstruir essa forma de trabalho. É o caso da Portaria nº 54, de 1º de abril de 2020, que traz recomendações aos gestores e trabalhadores do SUAS para articularem uma avaliação cotidiana da evolução da pandemia e das medidas que devem ser adotadas com a área da Saúde.

Outro exemplo é o Estado de São Paulo, que disponibilizou um valor de R$ 55,00 por estudante de famílias que recebem o Bolsa Família e que vivem em condição de extrema pobreza, para a compra de alimentos enquanto as aulas continuam suspensas.

Como a Portabilis pode ajudar?

O Portabilis SAS, solução para gestão da Assistência Social, foi adaptado para ajudar a enfrentar os desafios decorrentes da pandemia. Abaixo, conheça algumas das contribuições que o software pode trazer para o seu município:

  • Mapeamento das áreas com contágios pela Covid-19 ou com condições favoráveis a sua transmissibilidade – excesso de pessoas por cômodo, falta de água encanada e esgotamento sanitário;
  • Obtenção de informações sobre:
    • Onde as pessoas do grupo de risco residem para tomar medidas preventivas e educativas; 
    • Emprego, renda e casos de mulheres chefes de família, que são alguns pré-requisitos para a RBE;
  • Gestão da distribuição de benefícios como, cestas básicas e kits de merenda escolar;
  • Articulação com outras áreas, como:
    • Saúde: na identificação de territórios com maior presença de transmissibilidade da Covid-19 e encaminhamento para a Saúde;
    • Educação: na distribuição da merenda escolar para quem mais precisa e no atendimento psicológico e psicossocial para famílias que vivem situações de violência ou violação de direitos.

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E então? Quais os maiores desafios que a Assistência Social do seu município está enfrentando durante a pandemia? São parecidos com os que falamos aqui? Conta para nós, será um prazer ouvi-lo!

 

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    Portábilis

    A startup de tecnologia que ajuda os governos municipais a superarem a falta de informação através de soluções inteligentes, para aumentar o impacto das políticas públicas de educação e assistência social, focando em transformações sociais e a garantia do acesso de todos os brasileiros aos seus direitos.

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