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Direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil

Considerando os eixos temáticos abordados nas DCNEI (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil), documento que trata das interações, experiências e brincadeiras necessárias para a construção do conhecimento, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), desde 2013, tem em suas premissas a educação infantil — obrigatória para crianças entre 4 e 5 anos e 11 meses.

As mudanças na BNCC procuram, a partir desses princípios, chegar à conclusão de que, brincando, também é possível educar. Consequentemente, a educação infantil passa a ter um papel importante no período escolar de qualquer cidadão.

A maneira de tratar os temas nesse período escolar é diferente do que estamos acostumados a ver nos ensinos fundamental e médio, pois não existem disciplinas isoladas, e as diferentes temáticas devem ser ensinadas pensando na experiência.

Na BNCC, são apresentadas maneiras de organizar as estruturas pedagógicas. Dessa forma, buscam-se, nas práticas, resultados que atinjam as expectativas de aprendizado para o ensino básico.

Pensando especificamente na educação infantil, o documento indica 6 direitos de aprendizagem e desenvolvimento que, em concomitância com os temas propostos nos campos de experiência, apontam as perspectivas de aprendizagem nesse período de estudos.

Campos de experiência na educação infantil

Os 5 campos de experiência são pensados para assegurar esses direitos e, por isso, trazem questões sobre o desenvolvimento cognitivo da criança. Essa é uma pedagogia que preza pela interação do indivíduo com o mundo, fortalecendo cada vez mais o papel do pedagogo, que é abrir caminhos para novas maneiras de enxergar as coisas ao redor.

É essencial ressaltar que cada um desses campos deve ser tratado de maneira particular dentro da divisão apresentada pela BNCC, em que as crianças são subdivididas de acordo com a sua idade. Vejamos o que eles abordam de um modo geral:

O eu, o outro e o nós

É o início da busca por uma identidade: descobrir quem sou, quem o outro é e quem nós somos juntos. De acordo com a BNCC:

Ao mesmo tempo em que participam das relações sociais e dos cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado.

O professor precisa, nessa etapa, atentar para as relações sociais que envolvem a escola, evitando situações em que as crianças passem por preconceitos ou discriminação. Junto a isso, é necessário promover um autoconhecimento do aluno logo na infância, para que assim, se conhecendo, a criança desenvolva o senso de autocuidado.

Corpo, gestos e movimentos

A criança precisa ter consciência do próprio corpo e das suas possibilidades, além de perceber a importância dos gestos e da movimentação para uma vida mais saudável. É com o corpo que se aprende o limite de espaços, então, eles precisam se conhecer também em relação ao seu corpo e ser estimulados com brincadeiras que exijam a experiência de movimentar-se.

Como ótimos exemplos que podem ser explorados dentro das instituições, temos a música e a dança, que para a BNCC, é um meio de integrar corpo, emoção e linguagem.

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Traços, sons, cores e formas

Na escola, a criança precisa conviver com as diferentes manifestações artísticas e ser estimulada a criar suas próprias produções. A música, a pintura, a dança, a fotografia, entre outras formas de inserir a criança no mundo das artes, são a maneira mais eficaz de incentivar o senso estético e crítico delas.

Além disso, são ótimas formas de se perceber a visão de mundo que o aluno tem, visto que essa visão difere daquela que um adulto apresenta. A criança, ao produzir uma pintura, por exemplo, retrata aquilo que está sentindo e como ela enxerga o mundo.

Oralidade e escrita

É na educação infantil que acontece o contato mais complexo com diferentes estruturas linguísticas, por isso, as crianças poderão ouvir a leitura de histórias e ser motivadas a questionar, a ouvir com mais atenção e a ter seus primeiros contatos com o universo da escrita. É certo que ainda estamos na etapa das garatujas e dos rabiscos, porém, essa familiaridade é de extrema importância para uma primeira aproximação com as letras.

Essa etapa é aquela em que também são estimulados a criatividade e o interesse pelo conhecimento da criança. Dessa forma, mesmo em seus mais confusos rabiscos, a criança busca atingir aquilo que se é aprendido, ou seja, as mais diversas letras e palavras.

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformação

Nesta etapa, a criança vai aprender a lidar com o mundo físico e sociocultural, assim, segundo a BNCC:

A educação infantil precisa promover interações e brincadeiras nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações.

 

Direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil

Enfim, quando queremos garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, precisamos pensar nesses campos que estruturam as formas de interação dentro da escola. No momento em que sabemos como agir dentro de cada uma dessas etapas, estamos preparados para assegurar aos pequenos que eles possam conviver, brincar, participar, explorar, expressar e se conhecer. Abaixo, observemos o que diz cada uma dessas garantias.

Conviver

Para conhecer o outro, para se relacionar e aprender a lidar com as diferenças entre os indivíduos, é preciso conviver com as pessoas, interagir com crianças e adultos, seja brincando, se divertindo ou em qualquer tarefa do dia a dia, em grupos diversificados em tamanho, gênero e idade.

Brincar

As brincadeiras também devem ser diversificadas e interativas. Além disso, elas precisam ser valorizadas e participativas, de modo que se desenvolvam aspectos como a criatividade, a emotividade e a imaginação.

Participar

A participação também deve ser garantida quando se trata do planejamento de tudo que será realizado no âmbito escolar, assim, adultos e crianças decidem e se posicionam juntos sobre a educação que querem promover e ter.

Explorar

Para se aprofundar em uma cultura é preciso ir além do que é sobreposto, portanto, é preciso explorar o que há de arte, ciência e tecnologia ao redor.

Expressar

As emoções, as dúvidas, os questionamentos… tudo o que envolve o sujeito como expressividade de suas ações deve ser estimulado por diferentes linguagens.

Conhecer-se

Por fim, pertencer a algo é uma maneira de se conhecer e iniciar a criação de uma identidade que torna o sujeito único dentro de uma comunidade. Com isso a criança se desenvolve como pessoa e socialmente, aprendendo a interagir com diferentes tipos de personalidades e a se expressar de forma clara.

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A importância da aplicação dos direitos de aprendizagem na escola

Como já visto, muitos são os direitos de aprendizagem, com diversas utilidades na formação da criança, indo desde o desenvolvimento de autoconhecimento por parte do aluno, até a criação de senso crítico e visão de mundo.

Para isso, é preciso que a criança receba estímulos de todas as formas, seja para desenvolvimento de uma história fantasiosa, estimulando e desenvolvendo sua criatividade, ou uma pintura que retrate sua realidade, fazendo com que a criança recrie sua visão de mundo em papel e tinta.

Diante disso, é necessário garantir a prática de tais direitos dentro das redes de ensino, visto que essas formas de aprendizagem, segundo a BNCC, visam garantir que o aluno desenvolva o senso crítico e tenha menos preconceito com o diferente, ao interagir socialmente com as demais crianças e pessoas ao seu redor.

Assim, uma criança que tiver todos os seus direitos garantidos pela BNCC se desenvolverá como um cidadão melhor e mais preparado para o mundo a sua volta. Portanto, deve-se ter como uma das principais obrigações de uma instituição assegurar que a Base Curricular seja aplicada dentro de sua rede de ensino.

Maneiras de praticar

Podemos criar diferentes propostas que afirmem os direitos de aprendizagem e o desenvolvimento na educação infantil. A partir deles, o professor pode explorar brincadeiras que valorizem o aprendizado sem perder o teor de diversão e lazer.

Por exemplo, se o professor quer ensinar matemática, ele não precisa dizer que está passando continhas de mais, já que ele pode fazer brincadeiras em que os alunos simplesmente pratiquem. Desse modo, esse aluno chega à próxima etapa (ensino fundamental) com alguma noção do que será visto de forma teórica.

Além disso, é possível criar momentos de contar histórias, nos quais as crianças terão contato com novos universos e serão estimuladas a ouvir, imaginar e interpretar, fugindo de práticas que muitas vezes acabam se tornando tediosas para o aluno, e estimulando a criatividade das crianças.

Não existem receitas prontas para aplicar os direitos de aprendizagem na escola, contudo, o professor pode pensar em atividades diárias que considerem a importância de garanti-los.

Formas de se usar a tecnologia como um facilitador

De acordo com a terceira mudança feita na BNCC, o uso da tecnologia para o desenvolvimento na educação infantil deve ser como uma ferramenta que auxiliará a garantir os direitos descritos na Base Curricular. Dessa forma, a rede de ensino terá que buscar uma solução para as dificuldades do uso de tecnologia dentro da sala de aula. Contudo, é necessário ter uma visão mais ampla, vendo a tecnologia como uma aliada na educação, pois, ao se utilizar das ferramentas certas, seu uso pode contribuir de maneira significativa na educação das crianças.

Para dar um rumo sobre como utilizar essa ferramenta, a BNCC se pronunciou sobre seu uso em algumas áreas específicas, dando um suporte para a instituição. Assim sendo, a seguir você pode ver o pronunciamento e algumas dicas complementares.

Educação básica

Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano (incluindo as escolares) ao comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas.

Ou seja, a tecnologia na educação básica deve ser usada de forma a ensinar os jovens a resolver problemas do cotidiano, preparando-os para o mundo e estimulando o desenvolvimento de sua ética e reflexão, para que no futuro consigam resolver quaisquer problemas que surgirem em seu caminho.

Matemática no Ensino

Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver problemas cotidianos, sociais, de outras áreas do conhecimento, validando estratégias e resultados.

Como já dito anteriormente, é necessário dar tarefas práticas às crianças, para que assim tenham um maior entendimento e não percam o estímulo e interesse pelo conhecimento. Garantindo que o primeiro contato das crianças com os números seja prazeroso e interessante.

Aplicativos para o desenvolvimento na educação infantil

Como exemplos do uso efetivo da tecnologia no ensino infantil serão citados a seguir alguns aplicativos muito úteis e utilizados por educadores para alcançar os resultados propostos pela BNCC. Sendo eles:

ABC do Bita: esse aplicativo visa auxiliar no ensino do abecedário, sendo recomendado para crianças de 2 a 5 anos, fornecendo ao professor e à criança um suporte na alfabetização, processo esse que pode ser bem complicado;

GIMP: tem ferramentas que podem ser utilizadas na criação e edição de imagens, com diferentes pincéis e efeitos para a fotografia, possibilitando a manifestação de ideias de maneira ampla e criativa;

HagáQuê: tem como meio de ensino um editor de histórias, com banco de imagens nas quais podem-se colocar diálogos, estimulando simultaneamente o visual e o reconhecimento da escrita;

Super Heróis da Matemática: como o nome do aplicativo já indica, esse programa brinca com o tema de super-heróis junto à matemática, onde os personagens têm poderes numéricos, despertando o interesse dos mais jovens pelos algarismos;

Edutopia: uma plataforma que oferece vídeos e dicas de diversos temas, como arte, música e dança, apresentando conteúdos que, além de informativos, vão despertar o encanto nos olhos dos alunos;

Math is fun: um aplicativo direcionado a crianças com o objetivo do primeiro contato destas com a matemática, auxiliando no ensino de conceitos básicos como contar e dispor números.

Com isso os direitos de aprendizagem da BNCC em relação à educação infantil serão amplamente cumpridos e respeitados, garantindo a criança um desenvolvimento completo e agregando autoconhecimento, senso crítico, ética e respeito pelo próximo. Portanto, não deixe de se beneficiar do uso tecnológico dentro da rotina de ensino, para garantir maior facilidade e interesse por parte do aluno.

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