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Multiletramentos na escola: veja como aplicar o conceito
A pedagogia dos multiletramentos traz uma perspectiva importante para refletir sobre práticas de ensino e alfabetização.
A presença das tecnologias de informação e o uso cada vez maior de mídias sociais em práticas cotidianas trouxeram novas formas de comunicação e demandas de sociabilidade . Por esse motivo, os(as) estudantes precisam estar preparados para interpretar contextos diversos, que considerem a pluralidade de expressões, formatos e conteúdos.
Neste artigo explicamos de onde veio o conceito de multiletramento, como aparece nas orientações da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e sugerimos formas de utilizá-lo na prática em sala de aula. Vamos lá?
O que é a pedagogia dos multiletramentos
A pedagogia dos multiletramentos, enquanto abordagem teórica, dialoga com perspectivas da Linguística e da Semiótica e considera a diversidade de linguagens e toda a pluralidade presente nas culturas, que interfere na formação e visão de mundo.
Nesse sentido, não são só as representações verbais que comunicam, mas as visuais e gestuais também. Trabalhar com práticas de multiletramento é ir além da alfabetização tradicional, pautada no ensino e na compreensão da escrita e valorizar habilidades multimodais.
Os autores Mary Kalantzis e Bill Cope são referências nesse campo, e propõem uma nova abordagem para processos de alfabetização nas sociedades contemporâneas. Há inúmeros pesquisadores, inclusive no Brasil, que discutem o tema, relacionando-o à, por exemplo, ensino de língua estrangeira e práticas em meios digitais.
Multiletramento e multimodalidade
Na abordagem proposta por Mary Kalantzis e Bill Cope, a multimodalidade é um aspecto da pedagogia do multiletramento, que refere-se ao uso de recursos variados de comunicação, como, por exemplo, textos verbais, imagens, expressões corporais e gestuais e eventos comunicativos sonoros, como a música.
A escrita não é privilegiada como letramento oficial, pois vários modos de representação são acionados para criar textos e interpretar sentidos.
BNCC: multiletramentos na área de linguagens
As orientações da BNCC para área de Linguagens recomendam considerar novas práticas sociais, como a cultura digital, os multiletramentos e os novos letramentos, junto aos letramentos compreendidos como locais e/ou valorizados.
No item referente à Língua Portuguesa, o documento explica que os multiletramentos contemplam “(…) o cânone, o marginal, o culto, o popular, a cultura de massa, a cultura das mídias, a cultura digital, as culturas infantis e juvenis, de forma a garantir uma ampliação de repertório e uma interação e trato com o diferente.”
No contexto da BNCC, a leitura envolve texto escrito, imagens estáticas (foto, pintura, desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimento (filmes, vídeos etc.) e ao som (música), presente em muitos gêneros digitais. O objetivo é que a escola prepare os(as) estudantes para novas práticas de linguagem e produções de forma crítica.
Confira, abaixo, exemplos de atividades para trabalhar o multiletramento em sala de aula:
Infográficos
Os infográficos apresentam textos breves e imagens, como desenhos e ilustrações. São muito utilizados para transmitir informações complexas, como temas ligados à ciências biológicas e naturais, já que facilitam a transmissão e retenção de informações.
Em sala de aula, os infográficos podem ser incorporados em atividades de interpretação textual, a partir de questionamentos sobre as narrativas construídas e recursos mobilizados. Outra opção é estimular que os(as)estudantes construam seus próprios infográficos, a partir de temáticas locais e relevantes para o grupo.
Mapas
Assim como os infográficos, os mapas são objetos multimodais que podem ser trabalhados nas atividades de multiletramento, convidando a turma para analisar os recursos utilizados nos mapas e as formas de apresentação do conteúdo.
Pensar sobre os mapas é uma forma de estimular a aprendizagem dos(as) alunos(as) e para os multiletramentos, já que podem ser lidos como infográficos, imagem estática ou imagem em movimento (no caso de propostas colaborativas).
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Materiais para se inspirar:
- O perfil Brasil em mapas produz imagens com temas relacionados à taxas de violência, dados sobre desemprego, incidência fenômenos ambientais, aspectos relacionados à economia e a cultura.
- Material de apoio do “Educação na cultura digital” sobre multiletramentos com mapas, gráficos e infográficos estatísticos para o ensino médio;
- O “Mapa do Acolhimento” é um exemplo de mapa interativo, que reúne informações sobre serviços públicos de proteção às mulheres.
Diagramas
Os diagramas (confira o exemplo abaixo) são ótimos exemplos de textos multimodais, porque se constituem de informações condensadas sobre determinado tema e destacam as palavras-chave mais importantes.
Para aulas no ensino médio, faça uma triagem prévia antes de listar os recursos utilizados no plano de aula e identifique quais são as mídias sociais e os conteúdos on-line consumidos e produzidos pela turma. Dessa forma, fica mais fácil utilizar exemplos que fazem parte do dia a dia dos(as) estudantes e abordar as diferenças de formatos textuais presentes nas plataformas.
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Multiletramento digital
O uso ampliado das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e das mídias sociais, exige novas habilidades para compreender e produzir significados. Além da multimodalidade, há características próprias do contexto digital, como, por exemplo, produções colaborativas e interativas.
Agora que você já entendeu o que é multiletramento, confira as dicas de recursos para trabalhar textos multimodais em sala de aula:
💡 Enciclopédia Itaú Cultural: reúne informações sobre artes visuais, teatro, arte e tecnologia, cinema, dança, música e literatura. Há verbetes explicativos sobre pessoas, obras e movimentos; e planos de aula para usar nas escolas;
💡 O perfil Se poema fosse funk reúne transformações de poemas clássicos e/ou famosos em letras de funk;
💡 Território do Brincar: o programa Território do Brincar é um trabalho de registro e difusão da cultura infantil. No site, há séries de vídeos, textos e fotografias sobre brinquedos e brincadeiras de diferentes regiões do Brasil;
💡 O podcast Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes apresenta contos de fadas sobre mulheres extraordinárias.
Planos de aula e BNCC
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ALUNOS DE 6 E 7 ANOS COM MUITA DIFICULDADE DE LEITURA E COMPREENSÃO
Adorei essa pagina! Obrigada!