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O risco da defasagem escolar pós-pandemia e como evitá-la?

A crise causada pelo coronavírus trará diferentes consequências para os brasileiros. Uma das grandes preocupações dos especialistas em Educação é a defasagem escolar pós-pandemia para alguns meninos e meninas. Principalmente, para os que vivem em situação de vulnerabilidade e risco social.

Buscando manter a aprendizagem durante o isolamento, muitas escolas optaram pela utilização de aplicativos e plataformas on-line. Porém, devido à falta de acesso de alguns alunos à internet e a computadores, as desigualdades educacionais se acentuaram.

Além do acesso precário a recursos tecnológicos, o espaço de casa reduzido desfavorece a concentração, muitos dos familiares não conseguem prestar apoio nas atividades por possuírem baixa escolaridade e várias crianças e adolescentes, que vivem em situação de violência, acabam convivendo mais tempo com seu agressor.

Por isso, grande parte desses alunos não consegue manter uma rotina de estudos e acompanhar o desempenho da sua turma. O que gera uma defasagem e, em consequência, aumento nos índices de evasão escolar.

Para maiores detalhes sobre o aumento da defasagem escolar na pandemia e como evitá-la, continue a leitura abaixo.

O que fará a defasagem escolar aumentar?

A tecnologia traz inúmeros benefícios para a vida contemporânea, principalmente nesse momento em que precisamos nos proteger e continuar com nossos afazeres diários.

Acontece que, infelizmente, nem todas as famílias brasileiras têm acesso a recursos que, para muitos de nós, é comum e de fácil aquisição. Por isso, o ensino remoto, apesar de ser uma solução interessante, possui alguns obstáculos, como:

Falta de estrutura

Conforme o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), 96,5% das pessoas ricas do País tem acesso à internet em casa. Já entre os mais pobres, apenas 41% consegue navegar na rede. Sendo que, para muitos deles, o sinal de internet é precário.

Desta forma, muitas escolas não conseguem entrar em contato com esses alunos. Nem mesmo para levar o material impresso em suas casas. O que faz com que as desigualdades educacionais sejam acentuadas.

Outro problema que envolve a falta de estrutura são os celulares com memória insuficiente para instalar aplicativos ou para baixar fotos e vídeos. Há, ainda, a falta de um espaço confortável e silencioso em casa para que os alunos se concentrem em seus estudos.

O uso de smartphones para estudar e fazer as atividades também é outra dificuldade. Imagina ter que ler os conteúdos, copiar, colar e digitar textos em uma tela tão pequena? No dia a dia, um computador ou um notebook seriam ferramentas muito mais fáceis de se utilizar. Acontece que, nem todas as famílias conseguem investir nesse tipo de equipamento.

Considerando que, em muitos casos, só quem tem celular é a mãe ou o pai. Várias crianças e adolescentes precisam esperar seus pais chegarem em casa para conseguir estudar. O que é mais um fator que contribui para a defasagem desses alunos.

Dificuldades na relação entre família e escola

Se antes já havia desinteresse de algumas famílias na vida escolar de seus filhos, agora, devido às inúmeras dificuldades para lidar com o ensino remoto, a escola pode ter ganho menos importância.

Muitos não possuem acesso à internet ou estão com as informações desatualizadas no cadastro da escola. O que acentua as dificuldades em manter contato com essas famílias.

O fato de muitos possuírem baixa escolaridade, somado ao esgotamento dos professores nesse período de tantas mudanças, fizeram as dificuldades de relacionamento entre família e escola aumentarem. Contribuindo, mais uma vez, para a defasagem escolar desses alunos.

Desigualdades e problemas sociais

Antes da pandemia, muitas crianças e adolescentes se alimentavam, exclusivamente, na escola. Agora, em casa, não possuem o que comer.

Alguns deles sofriam violência doméstica e, nesse momento de isolamento, são obrigados a conviver mais tempo com seu agressor.

Alunos com deficiência se sentem mais excluídos, pois na maioria dos casos, não são desenvolvidas atividades pensando neles.

Portanto, o risco de defasagem é acentuado quando falamos de meninas e meninos em situação de risco e vulnerabilidade social.

Déficits na formação dos professores

Grande parte dos professores de escolas públicas tem dificuldade em lidar com a tecnologia. A formação docente brasileira não os prepara para utilizarem formatos digitais de ensino.

Se de um lado, os alunos têm problemas com a falta de estrutura tecnológica, muitos professores não conseguem fazer o uso adequado desses recursos. 

Como evitar a defasagem durante e após a pandemia?

Mais importante do que cumprir os conteúdos e o calendário letivo, é evitar a defasagem e a evasão escolar.

Por isso, reunimos algumas dicas de como evitar esses problemas durante e após a pandemia. Confira:

Revise as estratégias de ensino

O Projeto Político-Pedagógico das escolas precisa ser revisado considerando o novo cenário. Pois, o que foi planejado no início do ano dificilmente conseguirá ser cumprido.

Portanto, o quanto antes, as estratégias de ensino do ano letivo precisam ser repensadas.

Acompanhe o engajamento dos alunos diariamente

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é importante que as escolas criem uma forma de comunicação diária com os alunos.

Outra estratégia interessante é pedir feedbacks constantes para os pais e alunos sobre como está sendo a aprendizagem em casa para, com isso, melhorar os processos de ensino e fortalecer os laços entre família e escola.

Para as redes que utilizam uma plataforma on-line, é importante monitorar o acesso dos alunos na ferramenta. Identificando, assim, aqueles que não estão a utilizando e entendendo os motivos de não estarem engajados. Desta forma, fica mais fácil tomar medidas para evitar a defasagem desses estudantes em relação ao restante da turma.

É fundamental que as escolas forneçam todo o tipo de suporte às famílias. Seja on-line, por SMS, via rádio, TV ou através da entrega de materiais impressos em casa.

Estruture um plano para o retorno das atividades presenciais

Desenhar uma estratégia para o retorno das aulas presenciais é tão importante quanto as medidas tomadas durante a quarentena.

Neste plano, deve conter, por exemplo, respostas para as seguintes perguntas:

  • Como será a recuperação dos alunos defasados?;
  • Como as aulas serão repostas?;
  • Esses alunos serão avaliados como os demais?;
  • Será feita uma busca ativa pelos alunos que, possivelmente, não retornarão à escola?;
  • Haverá apoio em questões como, alimentação e transporte, considerando que muitas famílias tiveram uma perda considerável na renda?;
  • Dentre outros pontos relacionados à realidade da comunidade.

Como a Portabilis pode ajudar?

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) apontou que 60% dos municípios brasileiros ainda não definiram estratégias para dar continuidade à aprendizagem de seus alunos durante a pandemia. 

A falta de um direcionamento faz com que muitos alunos permaneçam em suas casas sem aprender. O que causa efeitos negativos no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, como é o caso da defasagem escolar.

Com o apoio de uma ferramenta digital, como o i-Diário, a escola pode ajudar os pais a estabelecerem um ritmo de estudos com os filhos em casa, além de mantê-los ativos no processo de aprendizagem. Com o software, a rede de ensino pode:

  • Enviar conteúdos e atividades para pais e alunos; 
  • Manter uma conexão e comunicação remota entre professores, pais e alunos de forma estruturada/organizada;
  • Integrar com outros recursos digitais como, o envio de vídeos do Youtube ou avaliações pelo Google Forms;
  • Contribuir com a criação de uma maior conexão entre pais e filhos.

 

Além disso, nossa solução contribui com a redução das desigualdades educacionais durante e após a pandemia, permitindo:

  • Mapear as condições de acesso a recursos tecnológicos e do domicílio das famílias que têm crianças nas escolas. Com esses dados em mãos, é possível adaptar as estratégias de ensino remoto de acordo com a realidade de cada rede, escola ou território;
  • Diagnosticar indícios de, por exemplo, negligência intrafamiliar, através da avaliação dos níveis de comunicação e engajamento dos pais e alunos na ferramenta;
  • Acompanhar a frequência, interação, engajamento e resposta dos alunos em relação às atividades e conteúdos propostos e, com base nisso, tomar medidas preventivas para evitar a defasagem, o abandono e a evasão escolar.

 

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E então? A rede de ensino, na qual você trabalha, tem olhado para a questão da defasagem escolar pós-pandemia? Quais as estratégias pretendem adotar para diminuir o problema? Conta para nós a sua experiência, será um prazer ouvi-lo!

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    Portábilis

    A startup de tecnologia que ajuda os governos municipais a superarem a falta de informação através de soluções inteligentes, para aumentar o impacto das políticas públicas de educação e assistência social, focando em transformações sociais e a garantia do acesso de todos os brasileiros aos seus direitos.

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