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Qual a atuação do psicólogo no CREAS?

O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) deve ser composto por uma equipe multidisciplinar, contendo profissionais como, assistente social, psicólogo, advogado, auxiliar administrativo, dentre outros. Normalmente, existem dúvidas a respeito das responsabilidades de cada um deles, principalmente, sobre a atuação do psicólogo no CREAS.

Antes de mais nada, é importante que você entenda o contexto de trabalho desse psicólogo.

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) está organizado por uma rede de proteção social, podendo esta, ser básica ou especial. Para cada uma delas, há um equipamento público que oferta serviços, programas e benefícios, denominados, respectivamente, de CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e CREAS.

Nesse texto, falaremos sobre o papel do psicólogo no CREAS, equipamento este que trabalha, prioritariamente, com ações protetivas. Seu objetivo é acolher, orientar, e acompanhar famílias e indivíduos em situação de violação de direitos, fortalecendo e reconstruindo seus vínculos familiares e comunitários. 

Esse trabalho só é possível com equipes de referência multidisciplinares, que conseguem, assim, pensar em estratégias sólidas e que tragam resultados expressivos para a vida dos usuários. Por isso, é fundamental que todo profissional, que faça parte do CREAS, tenha conhecimento de seu papel no equipamento.

Atuação do psicólogo no CREAS

No documento elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia e pelo CREPOP (Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas), intitulado como Referências Técnicas para atuação do(a) psicólogo(a) no CRAS/SUAS, há uma série de diretrizes sobre a atuação e as responsabilidades do psicólogo no SUAS. 

Apesar de ser direcionado ao CRAS, muitas dessas referências podem (e devem) ser aplicadas pelo psicólogo no CREAS. Portanto, grande parte do que traremos aqui, é baseado nesse documento.

É importante deixar claro que, de forma geral, o psicólogo que atua no SUAS não deve aplicar o método tradicional de atendimento clínico individual. Sua prioridade deve ser compreender o indivíduo inserido em seu contexto social, de preferência, através do atendimento em grupo.

No caso do CREAS, é preciso ter em mente que a metodologia de grupo não pode ser utilizada com todos os usuários. Suas demandas, muitas vezes, são emergenciais, como no caso de violência ou abuso sexual. Portanto, para alguns casos é exigido um atendimento particularizado.

No entanto, isso não quer dizer que deva ser praticada a psicoterapia, mas sim, uma escuta qualificada para compreender o indivíduo através de sua história, território e comunidade em que vive.

Seu foco deve estar na proteção social desses usuários e na garantia de seus direitos. Em caso de necessidade de atendimento psicoterapêutico, o psicólogo do CREAS deve encaminhar o usuário à área da Saúde.

Abaixo e, em maiores detalhes, saiba mais sobre como deve ser a atuação do psicólogo no CREAS:

  • Promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas, buscando eliminar negligências, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão;
  • Exercer sua função com base nas diretrizes e objetivos da PNAS (Política Nacional de Assistência Social) e da Proteção Social Especial (PSE);
  • Para uma intervenção mais efetiva, entender e respeitar o contexto dos usuários e de suas famílias, bem como seus territórios, comunidades e culturas;
  • Compreender as influências psicossociais que refletem no usuário e fazer intervenções conforme a necessidade. Seja de forma individual, familiar ou comunitária;
  • Tornar o diálogo acessível para todos os usuários por meio do conhecimento de suas experiências e de seu saber. Porém, nunca esquecendo de associá-los aos fundamentos científicos da profissão;
  • Ter bom senso e tino para saber a hora de atuar em caráter de emergência, priorizando usuários em situação de maior vulnerabilidade e risco psicossocial;
  • Prestar informações aos usuários sobre o trabalho que será realizado, seus objetivos e encaminhamentos necessários;
  • Promover espaços de participação, controle e mobilização social. Contribuindo, desta forma, para que os usuários desenvolvam consciência de que são cidadãos e, como tal, possuem dever e direito de exercerem papel atuante na sociedade; 
  • Atuar de forma interdisciplinar dentro e fora da política de Assistência Social,  com o objetivo de tornar seu trabalho efetivo e ampliar, ainda mais, seus resultados;
  • Obter conhecimento amplo sobre os diversos públicos e violações com as quais o profissional se depara diariamente (criança, adolescente, mulher, idoso, pessoa com deficiência, LGBTQI+, dentre outros);
  • Se atualizar em relação às mudanças e novos conhecimentos relacionados a sua profissão, buscando, sempre que possível, por melhorias;
  • Ter clareza de suas funções, impedindo que demandas de outras áreas, como verificação e apuração de denúncias, sobreponham os reais objetivos de seu trabalho que são, promover os direitos e a autonomia dos usuários.

 

Da mesma forma, é proibido ao psicólogo que atua no CREAS:

  • Emitir relatórios, pareceres ou laudos sem a devida fundamentação científica;
  • Solicitar que outros profissionais (não psicólogos) façam seu trabalho;
  • Abrir mão de informações sigilosas, compartilhando com pessoas que não contribuirão para a qualificação do serviço.

 

Caso haja o descumprimento do exposto acima, as seguintes penalidades podem ser aplicadas, conforme determinação do Conselho Federal de Psicologia:

  • Advertência;
  • Multa;
  • Censura pública;
  • Suspensão do trabalho por até 30 dias;
  • Cassação.

O dia a dia do psicólogo no CREAS

Atuar de forma diferente da clínica tradicional é, para o psicólogo, desafiador, mas ao mesmo tempo, estimulante. Além disso, considerando seu número de funções elevado e diante de equipes de referência reduzidas, como esse profissional deve atuar na prática? 

Abaixo, veja algumas possibilidades:

  1. Realizar atendimento aos usuários em situação de violação de direitos, orientá-los e acompanhá-los. Procurando, sempre que possível, ter uma visão ampla sobre sua história e sobre o território e comunidade em que vive;
  2. Criar grupos de apoio para acolher os indivíduos e contribuir para que mais pessoas superem situações de violação de direitos, como no caso de mulheres que sofreram violência no ambiente doméstico ou familiar;
  3. Contribuir com a equipe de referência e orientá-los para que desenvolvam seus trabalhos com base na PNAS (Política Nacional de Assistência Social) e na Proteção Social Especial (PSE);
  4. Incentivar e contribuir com a equipe para que as ações e o ambiente de trabalho sejam, dentro do possível, mais harmoniosas e profissionais. 

Continue aprendendo

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