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Qual a atuação do psicólogo no CRAS?

O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) deve ser composto por uma equipe multidisciplinar, com técnicos de nível médio e superior, em sua maioria, assistentes sociais e psicólogos. Normalmente, existem dúvidas a respeito das responsabilidades de cada um desses profissionais, principalmente sobre o papel do psicólogo no CRAS, que é o tema deste artigo.

Continue a leitura e aprenda sobre a relação entre as áreas de Psicologia e Assistência Social e quais são as principais orientações técnicas para atuar no sistema. 

Psicologia e Assistência Social

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) está organizado por uma rede de proteção social, que pode ser básica ou especial. Para cada uma delas, há um equipamento público que oferta serviços, programas e benefícios, denominados, respectivamente, de CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) e CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social).

O CRAS é a porta de entrada dos usuários para a política de Assistência Social e uma referência para toda comunidade. É através do PAIF (Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família), principal serviço ofertado pelo equipamento, que os vínculos familiares e comunitários são fortalecidos através de ações preventivas. 

Esse trabalho só é possível com equipes de referência multidisciplinares, que conseguem, assim, pensar em estratégias sólidas e que tragam resultados expressivos para a vida das pessoas. Por isso, é fundamental que todo profissional do CRAS tenha conhecimento sobre sua responsabilidade.

Na execução de políticas públicas da pasta, a Psicologia é fundamental para favorecer o desenvolvimento da cidadania e da autonomia dos indivíduos a partir de suas subjetividades, bem como resgatar o vínculo de usuários(as) com a Assistência Social.

O papel psicólogo no CRAS

No caderno de Orientações Técnicas do CRAS, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Social (em 2019, tornou-se Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, vinculada ao Ministério da Cidadania), há uma série de diretrizes que norteiam o trabalho da equipe de referência. Porém, no documento, não existe uma diferenciação entre o papel de psicólogos e de assistentes sociais.

Já no documento elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia e pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), intitulado como Referências Técnicas para atuação do(a) psicólogo(a) no CRAS/SUAS, você encontra informações sobre atuação e as principais responsabilidades.

Nos baseamos nesse último documento, que foi publicado em 2008, para falarmos sobre a atuação do psicólogo no CRAS.

Referência técnica para psicólogos(as) no CRAS

De forma geral, o psicólogo que atua na esfera social deve praticar muito mais ações socioeducativas em grupo do que o método tradicional de atendimento clínico individual.

Seu foco deve estar na proteção social dos indivíduos e na garantia de seus direitos. Em caso de necessidade de atendimento psicoterapêutico, o psicólogo do CRAS encaminha o usuário à área da Saúde.

Veja como deve ser a atuação do psicólogo no CRAS:

  • Promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas, buscando eliminar negligências, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão;
  • Exercer sua função com base nas diretrizes e objetivos da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e da Proteção Social Básica (PSB);
  • Para uma intervenção mais efetiva, entender e respeitar o contexto dos usuários e de suas famílias, bem como seus territórios, comunidades e culturas;
  • Compreender as influências psicossociais que refletem no usuário e fazer intervenções conforme a necessidade. Seja de forma individual, familiar ou comunitária;
  • Tornar o diálogo acessível por meio do conhecimento de suas experiências e de seu saber. Porém, nunca esquecendo de associá-los aos fundamentos científicos da profissão;
  • Ter bom senso para saber a hora de atuar em caráter de emergência, priorizando usuários em situação de maior vulnerabilidade e risco psicossocial;
  • Prestar informações aos usuários sobre o trabalho que será realizado, seus objetivos e encaminhamentos necessários;
  • Promover espaços de participação, controle e mobilização social. Contribuindo, desta forma, para que os usuários desenvolvam consciência de que são cidadãos e, como tal, possuem dever e direito de exercerem papel atuante na sociedade; 
  • Atuar de forma interdisciplinar dentro e fora da política de Assistência Social, com o objetivo de tornar seu trabalho efetivo e ampliar resultados;
  • Se atualizar em relação às mudanças e novos conhecimentos teóricos, técnicos e éticos relacionados a sua profissão, buscando, sempre que possível, por melhorias.

 

Rotina do psicólogo no CRAS

Diante de todas essas funções e considerando que, geralmente, há apenas um psicólogo para cada equipe de referência, como esse profissional deve atuar na prática? Abaixo, veja algumas possibilidades:

  • Contribuir com a equipe de referência e orientá-los para que desenvolvam seus trabalhos com base na PNAS (Política Nacional de Assistência Social) e na Proteção Social Básica (PSB);
  • Acolher os usuários e suas famílias no CRAS. Mas, também, sempre que possível, acompanhá-los através de visitas domiciliares;
  • Elaborar atividades e oficinas para o PAIF e o SCFV (Serviço de Convivência e  Fortalecimento de Vínculos) com o objetivo de complementar o trabalho social realizado com as famílias;
  • Criar programas e projetos, em conjunto com a equipe de referência, com a finalidade de estimular a cidadania;
  • Prestar atendimento individual, em casos de emergência, para, caso necessário, o usuário seja encaminhado, imediatamente, para outro serviço ou equipamento da rede socioassistencial.

Proibições

O psicólogo que atua no CRAS é proibido de emitir relatórios, pareceres ou laudos sem a devida fundamentação científica, solicitar que outros profissionais façam seu trabalho e compartilhar informações sigilosas com pessoas que não contribuirão para a qualificação do serviço.

Penalidades

Caso haja o descumprimento do exposto acima,  conforme determinação do Conselho Federal de Psicologia, as seguintes penalidades podem ser aplicadas: advertência, multa, censura pública, suspensão do trabalho por até 30 dias e cassação.

Continue aprendendo

Conseguiu entender qual o papel do psicólogo no CRAS? Existe algo que esses profissionais fazem no seu município e que não citamos aqui? Conta para a gente nos comentários!

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