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Como trabalhar a diversidade na escola?

É na escola que as crianças e adolescentes ampliam seu convívio social e aprendem novas visões de mundo. O respeito às diferenças é um dos valores que devem ser desenvolvidos desde os anos iniciais, portanto, as instituições de ensino têm um papel fundamental na formação das/os cidadãs e cidadãos. 

Realizar — ou reproduzir — ações e falas preconceituosas, como ofensas baseadas em gênero, raça, etnia, orientação sexual ou religião são violências estruturais e simbólicas que, muitas vezes, são aprendidas no ambiente familiar ou comunitário. É por isso que é tão importante incentivar equidade de gênero e práticas antirracistas e anticapacitistas. 

Neste artigo nós listamos várias dicas para promover ambientes mais acolhedores e inclusivos a partir de planos de aulas, indicações de livros e projetos para realizar em sala de aula. Boa leitura! 

Diversidade é a regra, não a exceção

Há inúmeras leis e movimentos a favor da promoção e da valorização da diversidade. Na Constituição Federal (CF) de 88, o texto do artigo n° 206 estabelece que deve haver a diversidade de ideias, a liberdade de aprender e ensinar para todos.

O respeito e a tolerância são mencionados dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/96 como um dos princípios da Educação.

O Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014, reforça o descrito na CF e na LDB, ressaltando o dever do ensino brasileiro em promover a diversidade e a erradicação da discriminação nas escolas. A nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz uma abordagem educacional sem preconceitos e, mais uma vez, valorizando a diversidade.

No âmbito internacional, os 17 objetivos delineados pela ONU, em conjunto com vários países ao redor do mundo, expressam, através da Agenda 2030, a garantia de ambientes escolares livres de preconceitos e violência.

Como a escola pode promover a diversidade? 

Promover a diversidade nas escolas é um trabalho contínuo, que não deve ser pautado apenas nos meses temáticos ou em campanhas sazonais. Nesse sentido, deve ser encarado como um compromisso por todos os profissionais que atuam no local, como diretoras(es), coordenadoras(es) pedagógicas(os), professoras(es), entre outros. 

Confira, abaixo, algumas boas práticas!

Adapte o Projeto Político-Pedagógico

As práticas pedagógicas que norteiam as ações desenvolvidas no ambiente escolar são estabelecidas pelo Projeto Político-Pedagógico (PPP). Esse documento é criado coletivamente e reúne diretrizes, diagnósticos, objetivos, metas e planos de ação, por isso, deve contemplar práticas para acolher diferenças e combater a discriminação. 

E se na sua escola há alguma situação problema recorrente, desenvolva projetos institucionais envolvendo equipes multiprofissionais e a comunidade. Listamos alguns materiais que podem auxiliar nesta etapa: 

→ No vídeo disponibilizado pela plataforma Nexo Políticas Públicas, Alexsandro Santos (USP) explica como a gestão escolar pode atuar na garantia a equidade racial nas escolas: 

→ No site do Instituto Lagarta Vira Pupa há um vídeo com o tema “A importância da comunicação alternativa”. Nele, Andrea Werner explica sobre os mitos envolvendo o tema e como ela é importante para garantir acessibilidade para crianças não verbais. 

Crie um ambiente de convívio acolhedor

Um ambiente escolar saudável impacta no aprendizado e na construção de uma comunidade integrada, que respeita as diferenças e valoriza a diversidade. 

Para isso, as(os) gestoras(es) escolares podem agregar boas práticas para mediação e resolução de conflitos, como estabelecer uma comunicação não-violenta e ter uma escuta empática e atenta. Essa é uma forma de ensinar pelo exemplo e alimentar uma cultura de paz que desconstrua relações desrespeitosas e preconceituosas sem ampliar as violências. 

E o acolhimento vai além das relações interpessoais: deve estar presente em planos de aulas que abordem diferentes perspectivas e culturas; na seleção de livros disponibilizados na biblioteca e na organização dos espaços de convívio. 

→ No banco de planos de aula Igualdade de Gênero na Educação Básica, disponibilizado pela Gênero e Educação, você encontra exemplos enviados de vários lugares do Brasil. O acesso é gratuito e o material pode ser adaptado para sua realidade escolar.

Os planos trazem indicações da etapa de ensino, para qual modalidade foi pensada, em quais disciplinas podem ser apresentados, além dos objetivos, conteúdos, metodologia, recursos necessários, avaliação, duração prevista, referências.

Confira alguns exemplos:

1) Gênero, sexualidade e raça e seus atravessamentos na construção das identidades

2) Apaoká: mulheres negras nas aulas de história

3) Virando Homem: Masculinidades e Adolescência

Explique termos e conceitos

A escola é o lugar de aprender sobre o que significa identidade de gênero, orientação sexual, raça, etnia e tantos outros conceitos importantes para a vida em sociedade. E o objetivo não é só ampliar o vocabulário, em direção à uma linguagem mais inclusiva, mas mostrar a importância de ter um olhar plural sobre formas de ser, configurações familiares, práticas religiosas, etc. A explicação é importante porque ajuda a desconstruir equívocos e visões preconceituosas acerca dos temas.

Materiais audiovisuais, como vídeos curtos ou documentários, infográficos e até mesmo mapas temáticos são recursos que facilitam a apresentação de conceitos e deixam as aulas mais criativas e interessantes. Nos anos iniciais, aposte em jogos e brincadeiras para contextualizar os temas. 

→ O vídeo abaixo, elaborado para um projeto de Direitos Humanos do Instituto Federal do Rio de Janeiro, trata da diversidade sexual e de gênero e é um bom exemplo para utilizar em sala de aula.

→ O Mini-guia de Linguagem Inclusiva e o Glossário LGBTQIA+ disponibilizados pela Pluraliza trazem respostas para dúvidas frequentes relacionadas à grupos minoritários e explicações sobre termos;

Jogo do Privilégio Branco é uma dinâmica apresentada neste link pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) que coloca em debate o tema da desigualdade racial;

Pequeno Dicionário é uma publicação que explica em linguagem simples como expressões como “ideologia de gênero” e “racismo reverso” foram criadas e como são usadas como categorias de acusação. A iniciativa é do Observatório de Sexualidade e Política em parceria com IPGLA da UFRJ. Há duas versões: uma para o público geral e outra para jovens estudantes do ensino médio.

Promova rodas de conversa em sala de aula

Abordar a diversidade em sala de aula é uma forma de quebrar tabus e debater temas contemporâneos de uma forma dialógica. Portanto, promova rodas de conversa durante as aulas e procure conectá-las com o conteúdo programático das disciplinas.

Leve situações problema, como histórias, notícias, cenas hipotéticas e exercícios práticos para identificar estereótipos que ainda são alimentados. Apresente direitos da população e como agir ao presenciar situações de violência. Confira dois materiais de apoio: 

→ O Guia sobre racismos, elaborado pelo projeto Educa Diversidade da Unesp explica como reconhecer e combater os tipos de racismo e 

→  A sequência didática Direitos das Pessoas LGBTQIA+ , disponibilizada no Portal Gênero e Educação, apresenta um plano para fomentar discussões sobre direitos de gênero e sexualidade junto a jovens do Ensino Médio.

Continue aprendendo

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