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Educação midiática: como trabalhar na escola
A participação das crianças e adolescentes no ambiente digital e as condições de acesso à internet é um tema que demanda atenção de profissionais da Educação de todos os níveis de ensino.
A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2022 (Cetic.br; NIC.br) realizada com participantes de 9 a 17 anos, trouxe dados importantes para entender o contexto:
→ Dos cerca de 24 milhões (92%) de crianças e adolescentes brasileiros usuários de Internet, 86% reportaram possuir perfil em redes sociais;
→ A baixa velocidade e a falta de créditos no celular são limitadores do acesso, sobretudo nas classes mais baixas;
→ 19% da população reportaram que “sempre ou quase sempre” ficam chateados ou incomodados com coisas que acontecem na Internet.
O consumo e a produção de conteúdos online demanda uma série de habilidades – operacionais, informacionais e socioemocionais – que vão se modificando à medida que novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) são desenvolvidas ou ganham protagonismo no cotidiano.
Nesse cenário, a educação midiática entra em cena como um recurso importante para que as/os estudantes compreendam quais são as linguagens e formatos que compõem novas mídias e plataformas de comunicação e, também, desenvolvam comportamentos éticos.
O que é educação midiática?
O programa Educamídia, do Instituto Palavra Aberta, define a educação midiática como um “conjunto de habilidades para acessar, analisar, criar e participar de maneira crítica do ambiente informacional e midiático em todos os seus formatos — dos impressos aos digitais.”
Na concepção do programa, três aprendizados são essenciais: ler criticamente, escrever com responsabilidade e participar de forma responsável.
Há outros termos como alfabetização digital, mídia-educação e letramento digital que possuem descrições semelhantes e são acionados para discussões sobre o espaço das TIC nas escolas.
Qual a importância do tema nas escolas?
Assuntos como fake news e discurso de ódio pautaram o debate mundial nos últimos anos e, certamente, estiveram presentes nas salas de aula. A privacidade dos dados pessoais e a regulação das plataformas também já são temas presentes no cotidiano.
A participação de crianças e adolescentes no ambiente online – muitas vezes, sem mediação ou acompanhamento – já é uma realidade. Por esse motivo, trabalhar a educação midiática nas escolas é tão importante. Afinal, em um mundo cada vez mais conectado, a habilidade de distinguir uma informação verdadeira de uma falsa é essencial, sobretudo para jovens em formação.
Para além do consumo de informações na Internet, outro aspecto relevante é a responsabilidade na produção de conteúdos. O desenvolvimento de habilidades técnicas de escrita e leitura deve ser acompanhado de princípios éticos para favorecer uma Internet segura, cidadã e colaborativa.
Como trabalhar a educação midiática na escola?
O ponto de partida é consultar a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) quanto às competências específicas e habilidades para cada nível de ensino. O documento também apresenta estratégias de produção que devem ser adaptadas de acordo com os recursos disponíveis.
E, além de compor currículo básico, os temas relacionados à comunicação, cultura digital e mídias podem ser trabalhados em projetos institucionais dedicados ao tema, em oficinas ou aulas extracurriculares. Há diferentes formas de fazê-lo!
O jornal-mural, por exemplo, é um recurso que permite adaptação para diferentes idades. Pode ser utilizado para exercitar alguma habilidade específica, como gêneros textuais – notícias, release, entrevista, carta, editorial, entre outros – ou para trabalhar temáticas importantes como cidadania, meio ambiente, cultura e consumo por meio de textos.
A seguir, destacamos as competências mencionadas pela BNCC, indicamos plataformas com planos de aulas prontos sobre o tema e uma série de recursos para apoiar o planejamento das atividades. Confira!
Educação midiática e BNCC
A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) contempla a cultura digital e suas linguagens considerando as mudanças sociais promovidas por esse contexto.
A percepção é de que as/os estudantes estão inseridos nessa cultura para além do consumo. Portanto, as escolas devem incorporar as novas formas de comunicação e interação multimidiática, preparando-os para compreender os conteúdos de diferentes mídias e participar de forma consciente e democrática.
A seguir, destacamos alguns trechos da BNCC que abordam temas ligados à comunicação, mídias e novas tecnologias:
Nas Competências Específicas de Linguagens do Ensino Fundamental, o item 6 refere-se a:
“Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.”
Já nas Competências Específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental, o item 10 (BNCC, (p. 87) refere-se a:
“Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais”.
Planos de aula prontos
O programa Educamídia (Instituto Palavra Aberta) disponibiliza planos de aula prontos para trabalhar o tema na escola.
As/os professoras/as podem navegar por eixos – como letramento da informação, cidadania digital, fluência digital, entre outros – e há um campo para buscar planos de acordo com as habilidades listadas na BNCC.
Na BNCC, há uma categoria organizadora do currículo chamada “campo de atuação”, que refere-se à articulação com as práticas. Um dos campos é o Jornalístico-midiático, que visa, em resumo, ampliar e qualificar a “participação das crianças, adolescentes e jovens nas práticas relativas ao trato com a informação e opinião”.
Esse campo também foca no desenvolvimento de habilidades que estão dentro dessa esfera, de autonomia e pensamento crítico e à participação de debates de forma respeitosa.
Fontes e recurso para as aulas
A educação midiática pode ser trabalhada em várias disciplinas, não somente nos componentes de linguagens.
Listamos alguns sites e plataformas com materiais interessantes para compor os planos de aula e auxiliar na elaboração de aulas mais criativas. Confira:
→ No site da Agência Brasil há notícias e conteúdos sonoros e audiovisuais sobre diferentes segmentos, como educação, economia, direitos humanos, esportes, entre outros.
→ O DataBasic é uma ferramenta gratuita que oferece um conjunto de ferramentas para trabalhar com análises textuais a partir de palavras e frases comuns e comparar a similaridades e diferenças entre textos;
→ O Aos Fatos é uma organização jornalística dedicada à investigação de campanhas de desinformação e à checagem de fatos. Além das matérias disponibilizadas no site, há conteúdos no Instagram e TikTok;
→ O portal de jornalismo Lunetas, dedicado à temática das infâncias, listou 23 podcasts infantis. Clique aqui, confira as opções e leve um recurso diferente para a sala de aula;
→ A categoria Dedo de Prosa, da central de conteúdos Brasis, reuniu entrevistas com pessoas que fazem e compõem as culturas e os cotidianos brasileiros. É uma forma de apresentar as características de um formato jornalístico e aumentar o repertório sobre o próprio país.
Conteúdo para educadoras(es)
Aqui no blog da Portábilis você encontra vários artigos sobre conceitos pedagógicos, competências e ideias para planos de aulas adaptados à BNCC e dicas importantes para gestoras(es) escolares e dirigentes municipais.
Confira alguns destaques:
- 5 aplicativos gratuitos para professores
- Planos de aula para Educação Infantil: onde encontrar
- Como facilitar a matrícula nas escolas municipais
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