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Como trabalhar com autismo na escola?

No Brasil, há aproximadamente 2 milhões de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista, também conhecido como autismo. O crescente número de matrículas de crianças com esse tipo de deficiência, faz aumentar a quantidade de dúvidas a respeito de como trabalhar com autismo na escola.

Isso ocorre pois, além do déficit de capacitações voltadas à inclusão desses alunos, o Transtorno do Espectro Autista possui diferentes graus e especificidades.

Algumas pessoas têm sensibilidade ao toque, outras ao barulho e tem aquelas que se incomodam com o excesso de luz. Na maioria das vezes, a comunicação e a interação social são, também, afetadas.

Pela falta de profundidade no assunto, tanto da escola, quanto dos pais, muitas crianças são rotuladas como desatentas e lentas no aprendizado. Por isso, é preciso um olhar atento da comunidade escolar para buscar ajuda, quando necessário. E, o mais importante, minimizar atitudes preconceituosas.

Estudar em escolas regulares é um direito de toda criança e adolescente com deficiência. Inclusive, a escola não pode negar sua matrícula.

Porém, mais do que promover acesso à escola, é preciso incluir esses alunos. O que é diferente de integrar ou socializar. O objetivo é que se desenvolvam, tanto cognitivamente, quanto afetivamente, tornando-se autônomos e protagonistas de seu aprendizado.

Por isso, preparamos algumas dicas para ajudá-lo a desenvolver seu trabalho com autistas em sala de aula.

5 dicas de como trabalhar com autismo na escola

1- Se cerque de informações sobre o aluno

A formação do professor, na maioria das vezes, contém pouco ou nada a respeito de como lidar com alunos com deficiência. Além disso, não há um aprofundamento em cada tipo de deficiência para que os professores entendam suas particularidades.

Quando o docente tem um aluno com deficiência em sala de aula, ele precisa buscar a informação por conta própria, não tem jeito. Uma dica é que, primeiro, converse com os responsáveis pela criança e depois estude mais sobre a deficiência, sempre pesquisando em fontes confiáveis. Só assim conseguirá se cercar de informações sobre o aluno.

Além de perguntar sobre o histórico da criança, questione sobre o que mais lhe estressa. Procure saber, também, o que o acalma. Ir para a rua, ganhar um abraço ou, simplesmente, ficar perto de um objeto que mais lhe agrade.

É importante para preparar o caminho e lidar, de forma mais tranquila, com situações adversas. 

2- Dissemine essas informações para todos os envolvidos (direta ou indiretamente)

Com base nas informações que adquiriu sobre o aluno com autismo, comunique os funcionários da escola, alunos e pais dos demais alunos sobre a situação.

Em algum momento, todos se envolverão com a criança. Por isso, é importante que estejam, também, cercados de informação. Evitando assim, o preconceito.

Os pais dos demais alunos precisam ser envolvidos, pois muitos deles acham que seus filhos, ao estudarem com crianças com deficiência, podem ser prejudicados em seus estudos. Pensam dessa forma por não terem conhecimento profundo sobre o tema. 

Por isso, o papel da escola é fundamental nesse processo. Ao disseminar informações sobre a deficiência, sobre como lidam com esses alunos no dia a dia e o quanto é importante para que seus filhos se desenvolvam em suas relações interpessoais, entendendo e respeitando as diferenças.

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3- Desenvolva uma relação afetiva com o uso de jogos e brincadeiras

Ao contrário do que o senso comum pensa, as interações sociais positivas podem motivar as crianças com autismo a buscarem o contato social, e ainda, melhorarem o aprendizado.

O Modelo Denver de Intervenção Precoce é um método de tratamento do autismo que utiliza essa abordagem, desenvolvendo relações afetivas por meio de jogos e brincadeiras.

Pode-se trabalhar com objetos como, quebra-cabeça  ou carrinhos, sem objetos, em que o centro da atividade é a interação social, como, brincadeiras de roda. E ainda, atividades mão na massa, como, desenhar ou pintar.

Brinquedos com luzes ou sons não são indicados, pois tiram o foco de tudo à volta, além de o aluno perder a interação com as demais crianças.

O professor deve fazer o papel de mediador, concedendo instruções de como jogar ou brincar. A orientação pode ser através de palavras, gestos ou brincando junto com a criança. Como o aluno com autismo se sentir mais confortável.

Quando a criança autista está junto às crianças neurotípicas, se baseiam em exemplos de como brincar, desenvolvem a comunicação e o respeito ao próximo. Desconstruindo a ideia de isolamento que muitos pensam acerca da deficiência.

4- Utilize uma comunicação alternativa 

Cerca de 25% das crianças autistas não falam. Por isso, é importante que haja um meio alternativo de comunicação.

Com o Sistema de Comunicação por Troca de Figuras, é possível desenvolver a comunicação com o aluno através de placas com imagens.

O primeiro passo é ensinar a criança com autismo a escolher a figura e entregar a uma pessoa que, por sua vez, deve entregar o objeto, o trocando pela placa. Depois de o aluno aprender a trocar a placa pelo objeto, o segundo passo é ensiná-lo a juntar as placas, formando frases com elas.

Em uma fase avançada, é possível orientá-lo a construir frases mais complexas, respondendo à perguntas ou fazendo comentários sobre determinado assunto.

Nos locais mais frequentados pela criança, como na escola e em casa, é interessante deixar as placas disponíveis em vários cômodos para que consiga se comunicar de maneira ágil.

5- Valorize o processo de aprendizado

Na ansiedade de ver o resultado, muitas vezes, não aproveitamos o caminho para chegar até o objetivo. Isso vale para tudo na vida, inclusive, no desenvolvimento de um aluno com autismo.

Antes de tudo, aprenda a observá-lo. E, com base em seus interesses, guie seu aprendizado. É o que diz o Modelo DIR/Floortime, em que as diferenças de cada um são o ponto de partida para seu desenvolvimento.

A metodologia tem esse nome, pois tem como princípio o tempo de chão. Isto é, o professor deve interagir com o aluno, através de ações lideradas pela própria criança, durante cerca de trinta minutos.

Um exemplo é quando a criança estiver parada, olhando através da janela. Nesse momento, o professor pode imitar os pássaros ou cachorros que estão na rua e, desta forma, tentar uma aproximação pela perspectiva do aluno.

Outra ideia é se juntar à criança na brincadeira que estiver envolvida, como em uma corrida de carrinhos. Propondo uma competição, por exemplo.

O objetivo é conquistar a confiança do aluno e, ao mesmo tempo, proporcionar atividades motivadoras a ele, construindo aos poucos seu aprendizado.

E então? Conseguiu ter ideias de como trabalhar com autismo na escola? Tem algo que faça diferente e que queira compartilhar por aqui? Conta para nós a sua experiência, será um prazer ouvi-lo!

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